Oralidade épica em Emicida e Rashid

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2024v19.e50378

Palavras-chave:

Rap, Oralidade épica, Emicida, Rashid

Resumo

O artigo pretende investigar traços épicos no RAP a partir de dois álbuns significativos do gênero no contemporâneo: O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, de Emicida (O Glorioso [...], 2013) e Movimento Rápido dos Olhos, de Rashid (Movimento [...], 2022). Neles, o aspecto narrativo é evidenciado por meio de dados autobiográficos, contação de história, animação gráfica e outros recursos. Essa natureza do estilo se explica por sua filiação à cultura hip-hop, de origem afrodiaspórica, e remete à epicidade da poesia oral africana, atestada por teóricos como Paul Zumthor e Ruth Finnegan. Assim, o RAP se dá em uma interlocução a partir do MC para o jovem periférico, segunda pessoa geralmente introjetada nas letras, a quem elas são dirigidas. Tal senso de comunidade percebido nesse recurso do endereçamento é mais um dado que reforça rastros da épica neste gênero musical, afinal, como o MC, o poeta épico encarna o papel de representante de seu povo

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Biografia do Autor

Sergio Guilherme Cabral Bento, Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP. Professor Adjunto da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, MG.

Gloria Maria Nunes Oliveira, Universidade Federal de Uberlândia

Graduada em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, MG.

Referências

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Publicado

2024-09-23

Como Citar

Bento, S. G. C., & Nunes Oliveira, G. M. (2024). Oralidade épica em Emicida e Rashid. Boitatá, 19(37), 39–51. https://doi.org/10.5433/boitata.2024v19.e50378

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