Duas narrativas sobre Lampião: a voz crítica e dissonante de Antônio Francisco
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2015v10.e31489Palavras-chave:
Cangaço, Cordel, Mossoró, Antônio Francisco,Resumo
Em junho de 1927, o grupo do cangaceiro Lampião tenta invadir a cidade de Mossoró/RN, sendo rechaçado pela defesa armada dos munícipes organizados pelo prefeito Rodolfo Fernandes. Esse fato histórico tem sido representado desde então largamente pelos artistas, sejam populares ou não. O acontecimento é também objeto de dois cordéis do mossoroense Antônio Francisco (1949). O autor dialoga com a tradição discursiva literária sobre o evento histórico, reinventando sentidos atribuídos habitualmente ao ocorrido em 1927. A partir disso, em um lúdico e inventivo jogo de espelhos, Antônio Francisco constrói sua crítica voraz ao tempo presente, propondo uma nova observação sobre o evento passado como ponto de problematização à atualidade, construindo um discurso dissonante que tanto questiona as interpretações do passado quanto as percepções comuns do tempo presente. Para o desenvolvimento desse trabalho, em um primeiro momento apresento a descrição histórica, conforme normalmente feita pelos registros historiográficos; passo em seguida a uma análise da escrita de Antônio Francisco em dois cordéis: A saga de um prefeito e o bando de Lampião (2011) e O ataque de Mossoró ao bando de Lampião (2006). Para tal feita, busco analisar as narrativas procurando compreender em que medida elas se constituem como discursos dissonantes em relação à versão oficial dos fatos e em que medida elas também se prestam à construção de uma crítica contundente ao status quo atual. O trabalho conta com o suporte fornecido pelas concepções teóricas desenvolvidas por Mikhail Bakhtin.
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