As pontes de florestas e madeiras: reflexões a partir de um campo com engenheiros florestais moçambicanos e brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2020v25n1p44Palavras-chave:
Engenharia Florestal, Cooperação Sul-Sul, MoçambiqueResumo
O presente texto trata das agências entre humanos e não humanos a partir de materiais secundários de uma pesquisa concluída em 2015 entre engenheiros florestais moçambicanos em Curitiba. Parte-se da compreensão que as relações entre brasileiros e moçambicanos está calcada em uma base epistemológica compartilhada, qual seja, o conhecimento em Engenharia Florestal. No entanto, as diferenças ontológicas entre Brasil e Moçambique construídas nos rituais acadêmicos destes engenheiros, trazem outras nuances com relação ao diálogo Sul-Sul em questão. Em especial a capacidade destas diferenças informarem as particularidades da contemporaneidade destes diferentes contextos, suas estratégias e interesses. Ao seguir as redes de relações produzidas entre os dois lados do Atlântico nesse contexto discreto, pretende-se contribuir para uma leitura mais complexa das relações entre os países, daquilo que se compreende como as relações “Sul-Sul”, e do lugar da cooperação internacional nas composições sociais de Brasil e Moçambique.Downloads
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