Peleja, ajuda e sacrifício na criação de animais do 'povo' do Góis-CE
DOI:
https://doi.org/10.5433/2176-6665.2019v24n3p42Palavras-chave:
Sacrifício, Tempo, Relações de criação, Povo, Animais de criaçãoResumo
O artigo tem, como temas principais, o 'sacrifício' e 'peleja' nas relações de criação constituídas em uma comunidade de pequenos produtores rurais chamada Góis-CE, localizada no nordeste brasileiro. O artigo procura submergir o leitor no ambiente da casa, onde as atividades relacionadas à criação de animais florescem pelas mãos e pernas de avós e mães. Estas são mulheres que assumem a autoridade no saber-criar e nas práticas apropriadas à 'peleja' com parentes e animais. Juntamente com o 'povo', ou a comunidade de pessoas que vivem e transitam entre as casas dos proprietários do Góis, mães e avós 'pelejam' com filhos, netos e animais de criação para que suas vidas floresçam. Como mostro no artigo, redes de ajudas são essenciais na 'peleja' com parentes e animais. Ajudas são dadas e recebidas onde parentes têm casas e galinhas têm chiqueiros. Estas ajudas são frequentemente lembradas em 'histórias' e acompanhadas com 'sacrifícios' implicados nas relações de criação com porcos, cabras e galinhas chamadas de 'trabalhosas', por suas criadoras.Downloads
Referências
BATESON, G. Social planning and the concept of deutero-learning. In: BATESON, G. Steps to an ecology of mind. London: Jason Aronson, 1972. p. 166-183.
BOURDIEU, P. La maison kabyle ou le monde renversé. In: POUILLON, J.; MARANDA, P. (org.). Echanges et communications: mélanges offertes à C. Lévi-Strauss à l'occasion de son 60ème anniversaire. La Haye: Mouton, 1970. p. 739-758.
BOURDIEU, P. Le sens practique. Paris: Les Editions de Minuit, 1980.
CARNEIRO, A. O "povo" parente dos Buracos: mexida de prosa e cozinha no cerrado mineiro. 2010. Tese (Doutorado em Antropologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
CARSTEN, J. The heat of the hearth. New York: Oxford University Press, 1997.
COMERFORD, J. C. Lutando. In: COMERFORD, J. C. Fazendo a luta: sociabilidade, falas e rituais na construção de organizações camponesas. Rio de Janeiro: Dumará Publicações, 1999. p. 19-47.
FIGURELLI, M. Família, escravidão, luta: histórias contadas de uma antiga fazenda. 2011. Tese (Doutorado em Antropologia) - Universidade Federal do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.
GUATTARI, F. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1990.
HUBERT, H.; MAUSS, M. Essai sur la nature et la function du sacrifice. Québec: [s. n.], 2002.
IBGE. Ipueiras. Brasília, [20--]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/ceara/ipueiras.pdf. Acesso em: 12 out. 2017.
JAKOBSON, R. Linguística e poética. In: JAKOBSON, R. Linguística e linguagem. São Paulo: Cultrix, 1965. p. 118-162.
KHON, E. How dogs dream: Amazonian natures and the politics of transspecies engagement. American Ethnologist, Washington, v. 34, n. 1, p. 3-24, 2007.
KOHN, E. How forests think: toward an anthropology beyond the human. Berkeley: University of California Press, 2013.
LAMBEK, M. Afterthoughts on sacrifice. Ethnos, Stockholm, v. 79, n. 3, p. 430-437, 2014.
LAMBEK, M. Sacrifice and the problem of beginning: meditations from Sakalava mythopraxis. Journal of the Royal Anthropological Institute, London, v. 13, p. 19-38, 2007.
LAW, J.; MOL, A. El actor-actuado: la oveja de la Cumbria en 2001. Política y Sociedad, Madrid, v. 45, n. 3, p. 75-92, 2008.
LÉVI-STRAUSS, C. A via das máscaras. Lisboa: Editorial Presença, 1979.
LÉVI-STRAUSS, C. O totemismo hoje. Petrópolis: Vozes, 1975.
MALINOWSKI, B. The problem of meaning in primitive language. In: ODGEN, C. K.; RICHARDS, I. A. (org.). The meaning of meaning: a study of the influence of language upon thought and of the science of symbolism. London: Routledge & Kegan Paul, 1953. p. 296-337.
MARCELIN, L. H. A linguagem da casa entre os negros de Recôncavo Baiano. Mana, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 31-80, 1999.
MAYBLIN, M. Gender, catholicism, and morality in Brazil. London: Palgrave Macmillan, 2010a.
MAYBLIN, M. Learning courage: child labour as moral practice in Northeast Brazil. Ethnos, Stockholm, v. 75, n. 1, p. 23-48, Mar. 2010b.
MAYBLIN, M. The untold sacrifice: the monotony and incompleteness of self-sacrifice in Northeast Brazil. Ethnos, Stockholm, v. 79, n. 3, p. 342-364, 2014.
PALMEIRA, M. Política e tempo: notas exploratórias. In: PEIRANO, M. (org.). O dito e o feito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. p. 171-179.
PEIRCE, C. Of reasoning in general (1895). In: PEIRCE EDITION PROJECT (ed.). The essential Peirce: selected philosophical writings. Bloomington: Indiana University Press, 1998. v. 2, p. 11-26.
SÁ, G. J. S. Outra espécie de companhia: intersubjetividade entre primatólogos e primatas. Anuário Antropológico, Brasília, v. 2, p. 77-100, 2012.
STENGERS, I. Cosmopolitiques: la guerre des sciences. Paris: La Découverte, 1997. t. 1.
STENGERS, I.; PIGNARRE, P. La sorcellerie capitaliste: pratiques de désenvoûtement. Paris: La Découverte, 2005.
TEIXEIRA, L.; AYOUB, D. Cachorros que atacam criação: reflexões éticas sobre a mobilidade e a vida social dos animais em ambientes rurais. Iluminuras, Porto Alegre, v. 17, n. 42, p. 136-165, ago./dez. 2016.
TSING, A. Unruly edges: mushrooms as companion species. Environmental Humanities, Durham, v. 1, p. 141-154, 2012.
WATERSON, R. Living house: an anthropology of architecture in South-East Asia. Oxford: Oxford University Press, 1990.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Nathan Lima Virgilio

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais relativos aos artigos publicados em Mediações são do(a)s autore(a)s; solicita-se aos(às) autore(a)s, em caso de republicação parcial ou total da primeira publicação, a indicação da publicação original no periódico.
Mediações utiliza a licença Creative Commons Attribution 4.0 International, que prevê Acesso Aberto, facultando a qualquer usuário(a) a leitura, o download, a cópia e a disseminação de seu conteúdo, desde que adequadamente referenciado.
As opiniões emitidas pelo(a)s autore(a)s dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.






























