A feminização da velhice: representação e silenciamento de demandas nos processos conferencistas de mulheres e pessoas idosas

Autores

  • Isabella Lourenço Lins Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG https://orcid.org/0000-0001-7552-2063
  • Luciana Vieira Rubim Andrade Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

DOI:

https://doi.org/10.5433/2176-6665.2018v23n3p436

Palavras-chave:

Feminização da velhice, Participação social, Gestão da velhice, Conferências de políticas públicas

Resumo

O Brasil vem vivenciando um processo crescente de socialização da gestão da velhice, que tem se transformado cada vez mais em uma questão pública. Dentro desse processo tem-se o fenômeno da feminização da velhice. Neste artigo, discutimos como as demandas das mulheres idosas são construídas e representadas nos espaços de participação social que fazem parte do processo decisório das políticas públicas que têm como público alvo as mulheres e as pessoas idosas. A partir da problemática a respeito de uma possível despolitização das mulheres idosas, a questão norteadora aqui é: “como são representadas as mulheres idosas nas deliberações das conferências nacionais de Política para as Mulheres e de Direitos da Pessoa Idosa?” A partir dos documentos analisados com o método de análise de conteúdo feminista qualitativo, foram evidenciados quatro eixos principais com relação às mulheres idosas: demográfico, saúde, cuidado e interseccional.

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Biografia do Autor

Isabella Lourenço Lins, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

Luciana Vieira Rubim Andrade, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

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Publicado

2018-12-29

Como Citar

LINS, I. L.; ANDRADE, L. V. R. A feminização da velhice: representação e silenciamento de demandas nos processos conferencistas de mulheres e pessoas idosas. Mediações - Revista de Ciências Sociais, Londrina, v. 23, n. 3, p. 436–465, 2018. DOI: 10.5433/2176-6665.2018v23n3p436. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/34289. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos