Letramentos (auto)críticos decoloniais na aula de inglês a partir da poesia de Carolina Maria de Jesus
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2025v25n2p43-63Palavras-chave:
Letramentos (auto)críticos-decoloniais, Ensino de inglês, Construção de sentidosResumo
Este artigo tem dois objetivos: 1) apresentar a aplicação de uma aula crítico-decolonial sobre racismo, na qual utilizo o poema "Humanidade", de Carolina Maria de Jesus (1996), para abordar o tema proposto, em uma turma do segundo ano do Ensino Médio Técnico do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS); 2) analisar como os alunos construíram significados durante as discussões à luz das teorias crítico-decoloniais. O estudo teve como principais referências as concepções teóricas de letramentos críticos presentes em Cervetti, Pardales e Damico (2001), Duboc (2016), Souza (2011, 2023), Monte Mór (2019), Freire (2023a, 2023b); Ferraz (2012, 2014) e as reflexões sobre decolonialidade são fundamentadas em Maldonado-Torres (2007, 2016), Mignolo e Walsh (2018), Quijano (2000). Os corpora incluem a gravação da aula, o poema e as questões críticas discutidas. A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa, autoetnográfica/autocrítica reflexiva (Takaki, 2020). A análise dos diálogos mostrou que os alunos desenvolveram um posicionamento crítico sobre questões sociais, apresentando uma atitude decolonial (Maldonado-Torres, 2007). Contudo, os debates não levaram a ações que alterassem os mecanismos de invisibilidade (Maldonado-Torres, 2007), sendo necessário um esforço contínuo na educação básica e superior para incentivar reflexões críticas sobre os discursos que nos moldam como sujeitos.
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Referências
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