A leitura é decifração, operação abstrata, negociação de sentido? Concepções do ato humano de ler

Resumo

A compreensão quanto às concepções de leitura e de escrita ainda é pouco difusa quando se fala do “quê” e do “como” ensinar no coração da escola. Apresento, neste artigo, reflexões sobre o ato de ler, de escrever, da decifração de signos e do sistema de produção de sentidos como atividade dialógica à luz da filosofia da linguagem. O meu objetivo tenta clarificar esses conceitos e ampliar a massa aperceptiva do educador quanto às práticas pedagógicas envolvendo esses saberes de forma a amenizar o analfabetismo em suas várias formas. Abordo a ideia de que a leitura não passa pela decifração de signos tão somente. Ela também não é mera operação abstrata, mas é elemento abarcador da negociação de sentidos, isto é, trocas de perguntas do leitor ao texto, que possibilita a distinção entre fluência leitora e leitura como fusão de todos os meios dados a ler e a contribuir com o projeto pessoal do ato humano a ser ensinado às crianças. Para tanto, conto com as contribuições dos estudos de Andruetto (2017), Arena (2003-2021), Bakhtin (2003), Catach (1996), Cavallo e Chartier (1998), Foucambert (2008), Jakubinskij (2015), Volochinov (2019), entre outros, para a formação de educadores.