Cultura científica em aulas de português: como incentivar a pesquisa na educação básica?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2025v25n3p29-54

Palavras-chave:

Pesquisa na escola., Material didático, Formação de professores

Resumo

Este artigo tem como objetivo problematizar a educação científica como uma abordagem pedagógica para tornar a aprendizagem de diferentes componentes curriculares significativa e contextualizada, realçando sua relevância para inovar o ensino do português como língua materna na educação básica. Para tanto, analisa-se um manual escolar de introdução à pesquisa científica, produzido para a formação continuada de professores em uma secretaria municipal de educação. Consideram-se ainda possibilidades de usos escolares do referido material didático. A pesquisa está situada no campo indisciplinar da Linguística Aplicada e encontra-se fundamentada em estudos sobre educação científica produzidos em diferentes áreas do conhecimento como a Ciência da Educação e o Ensino de Ciências. Adota-se uma abordagem qualitativa para a análise do documento selecionado. O manual investigado se configura como um material didático promissor para incentivar a investigação científica e o pensamento crítico. Além disso, evidencia-se a relevância do uso do referido material na formação continuada de professores, pois possibilita a integração entre teoria e prática, contribuindo para a propagação da cultura científica na escola. Identifica-se, contudo, a necessidade de ampliar a diversidade de procedimentos metodológicos descritos no manual, evitando-se a reprodução restrita de representações legitimadas de ciência.

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Biografia do Autor

Jaquelene Mendes, Universidade Federal do Maranhão

Professora Adjunta da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), vinculada ao Centro de Ciências de São Bernardo. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras Mestrado Profissional em Letras (PPGLe) da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL). Doutora em Letras pela Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), Mestra em Letras pelo ProfLetras da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e Licenciada em Letras/Inglês pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Possui especialização em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva (Censupeg).

Wagner Rodrigues Silva, Universidade Federal do Tocantins

Possui Licenciatura Plena em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestrado, doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e pós-doutorado em Linguística Aplicada pela The Hong Kong Polytechnic University (PolyU) e pela Aswan University (Egito). Durante o curso de graduação, foi bolsista de Iniciação Científica (CNPq/PIBIC) por três anos. É professor Titular (Classe E) na Universidade Federal do Tocantins (UFT), Câmpus de Palmas, onde leciona na área de linguagem na Licenciatura em Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Letras. Também atua como docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras: Ensino de Língua e Literatura, na Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT).

Geilson de Arruda Reis, Secretaria Municipal de Educação de Imperatriz

Doutorando em Ensino do PPGEnsino na Universidade do Vale do Taquari-Univates. Mestre em Ensino pela Universidade do Vale do Taquari-Univates. Graduado em Geografia, História e Pedagogia. Especialista em Metodologia do Ensino da Geografia Aplicada ao Planejamento Ambiental; Educação em Direitos Humanos; Atendimento Educacional Especializado (AEE) e Psicopedagogia Clínica e Institucional. Foi professor do componente curricular de Geografia e área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Ensino Médio EBEP e EMIEP na Escola Marly Sarney-SESI por mais de 12 anos. Atualmente está lotado no Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Imperatriz/Semed, atuando como coordenador do Setor Meu Ambiente e como professor formador do Setor Anos Finais. 

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Publicado

14-08-2025

Como Citar

MENDES, Jaquelene; RODRIGUES SILVA, Wagner; DE ARRUDA REIS, Geilson. Cultura científica em aulas de português: como incentivar a pesquisa na educação básica?. Entretextos, Londrina, v. 25, n. 3, p. 29–54, 2025. DOI: 10.5433/1519-5392.2025v25n3p29-54. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/52423. Acesso em: 14 dez. 2025.