Narrativas conspiratórias: o que diz a BNCC?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2025v25n1p192-211

Palavras-chave:

Narrativas conspiratórias, BNCC, Letramentos críticos

Resumo

O objetivo do artigo é analisar a maneira como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, aborda o fenômeno da desinformação associado à produção de narrativas conspiratórias. Para isso, utilizamos como referencial teórico a Análise do Discurso Crítica Sociocognitiva, conforme os estudos de Dijk (2005, 2010), com ênfase no conceito de significados locais e sua relação com a manipulação discursiva. A metodologia adotada foi qualitativa e de caráter bibliográfico, focando em um levantamento das habilidades específicas contidas na BNCC que tratam do assunto. O corpus da pesquisa consistiu nas diretrizes da BNCC e em materiais auxiliares referentes ao ensino de Língua Portuguesa. Os resultados apontam para a necessidade de ajustes na BNCC, a fim de contemplar as particularidades dos textos enganosos, além de evidenciar a existência de habilidades em outras áreas do conhecimento que discutem a relação entre discurso e prática social. Concluímos que é possível integrar o estudo das narrativas conspiratórias no ambiente escolar, promovendo letramentos críticos e uma formação cidadã mais completa.

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Biografia do Autor

Júlio Araújo, Universidade Federal do Ceará

Doutor em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com Pós-Doutorado em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Pós-Doutorado em Humanidades pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). É professor titular no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL) e no Departamento de Letras Vernáculas (DLV) da Universidade Federal do Ceará, onde coordena o grupo de pesquisa DIGITAL (Discursos & Digitalidades) e o Laboratório de Letramentos e Escrita Acadêmica. Atua na área de Linguística Aplicada em interface com as Teorias Críticas do Discurso. À luz dessa interface estuda as relações entre linguagens e tecnologias digitais, com especial atenção aos seguintes temas: racismo algorítmico; necroalgoritmização; inteligência artificial; fake news, discurso de ódio, constelação de gêneros, gêneros textuais digitais, letramentos digitais críticos, Letramentos e escrita acadêmica. 

Melissa Sousa , Universidade Federal do Ceará

Mestra em Linguística (2024) pela Universidade Federal do Ceará (UFC), especialista em Língua Portuguesa e Docência do Ensino Superior e em Pedagogia: gestão e docência (2024) pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI) e graduada em Letras Português e suas Literaturas (2022) pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Atua na área de Linguística Aplicada e, com base no campo transdisciplinar da Análise de Discurso Crítica, investiga a prática discursiva de desinformação, com ênfase em narrativas conspiratórias e fake news como textos enganosos que circulam na web. É professora do ensino básico na rede municipal de Fortaleza, lecionando Lingua Portuguesa para as séries dos Anos Finais e Ensino Médio. Está vinculada ao grupo de pesquisa em discursos e digitalidades - DIGITAL - , coordenado pelo Prof. Dr. Júlio Araújo, tendo nele atuado como bolsista de Iniciação Científica, durante a graduação, e como bolsista CAPES, durante o mestrado. Suas produções atuais exploram a interface das Teorias Críticas do Discurso com os estudos da Argumentação, analisando processos de manipulação discursivo-cognitiva, em mídias digitais.

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Arquivos adicionais

Publicado

22-04-2025

Como Citar

ARAÚJO, Júlio; SOUSA, Melissa Maria do Nascimento. Narrativas conspiratórias: o que diz a BNCC?. Entretextos, Londrina, v. 25, n. 1, p. 192–211, 2025. DOI: 10.5433/1519-5392.2025v25n1p192-211. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/51505. Acesso em: 5 dez. 2025.