Da oralidade à produção escrita: um estudo sobre o (des)uso variacionista do pronome oblíquo

Autores

  • Fernanda Fernandes Pimenta de Almeida Lima Universidade Estadual de Goiás https://orcid.org/0000-0002-1924-4780
  • Rosânia Fernandes Pereira Mota Universidade Estadual de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2023v23n3p118-136

Palavras-chave:

Linguagem, Variação, Produção Escrita

Resumo

Neste artigo, objetivamos estudar o apagamento de pronomes oblíquos na produção escrita de alunos do 8° ano do Ensino Fundamental de escolas públicas de Goiás. Observamos como no dialeto goiano alguns pronomes oblíquos têm perdido sua reflexividade ou demais funções sintáticas nas falas espontâneas cotidianas que se inscrevem na produção escrita. O postulado da Sociolinguística variacionista norteia as discussões teóricas nesta investigação, bem como a contribuição de autores que concebem a língua como um objeto sensível a fatores variacionistas. Na análise realizada, considera-se o método empírico, cujo recorte requer uma interpretação sobre a relação entre a linguagem e os seus usos cotidianos, sempre sujeitos à interpretação. Os dados, constituídos em específico por excertos extraídos de 05 (cinco) textos, escolhidos aleatoriamente dentre 50 (cinquenta) textos coletados, levaram a hipóteses que podem explicar o apagamento de pronomes oblíquos como sendo motivado pelas diferentes funções que estes exercem na linguagem falada e, possivelmente, pela presença de outros pronomes não oblíquos que asseguram a interferência da fala na escrita. Entendemos, portanto, que a colocação pronominal e o seu apagamento convocam um olhar sobre a materialidade textual como um lugar de sentidos que, para além da linguagem, inscreve o sujeito que enuncia em sua territorialidade.  

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Rosânia Fernandes Pereira Mota , Universidade Estadual de Goiás

Graduada em Letras, com Habilitação em Língua Portuguesa, Língua Inglesa, e suas respectivas Literaturas pela Universidade Estadual de Goiás (UEG-UNUINHUMAS).

Referências

ALENCASTRE, José Martins. Estudos Historicos: Annaes da Provincia de Goyaz. Revista Trimestral do Instituto Historico, Geographico, e Ethnographico do Brasil. Tomo XXVII, Parte Segunda. Rio de Janeiro: B. L. Garnier Livreiro Editor, 1864.

ALKMIM, Tânia Maria. Sociolinguística. In: MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Cristina (Org.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. V. 1. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 21-47.

ALMEIDA, Milton José de. Ensinar português? In: GERALDI, João Wanderley (org.). O Texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 10-16.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: como é, como se faz. 45. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

BASSO, Renato M.; GONÇALVES, Rodrigo T. História concisa da língua portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

BENVENISTE, Émile. Da subjetividade na linguagem. In: BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Tradução de Maria da Glória Novak e Maria Luísa Neri. 4. ed. Campinas, SP: Pontes, 1995. p. 284-293.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf.

BRIGHT, Willian. Sociolinguistics. La Haye: Mouton, 1966.

FARACO, Carlos Alberto. Por uma pedagogia da variação linguística. In: CORREIA, D. A. (Org.). A relevância social da linguística. São Paulo: Parábola Editorial: Ponta Grossa, PR: UEPG, 2007. p. 21-50.

FARACO, Carlos Alberto.; MOURA, Francisco. M. Língua e literatura. São Paulo: Editora Ática, 1996.

GERALDI, João Wanderley. (Org.). Concepções de linguagem e ensino de português. In: Geraldi, João Wanderley (org.). O Texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 39-46.

MESQUITA, Roberto M. Gramática da língua portuguesa. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

NOLL, Volker. O português brasileiro: formação e contrastes. São Paulo: Globo, 2008.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3. ed. Tradução de Eni P. Orlandi [et al.]. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1997.

POSSENTI, Sírio. Gramática e política. In: Geraldi, João Wanderley (org.). O Texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 47-56.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução de Antônio Chelini, José P. Paes, Izidoro Blikstein. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

SCHERRE, Marta M. P. Doa-se lindos filhotes de poodle. São Paulo: Parábola, 2005.

SOARES, Magda. As muitas facetas da alfabetização. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 52, p. 19-24, fev. 1985. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/1358/1359.

SOARES, Magda. Diferença não é deficiência. In: SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 59-76.

Downloads

Publicado

31-12-2023

Como Citar

FERNANDES PIMENTA DE ALMEIDA LIMA, F.; FERNANDES PEREIRA MOTA , R. Da oralidade à produção escrita: um estudo sobre o (des)uso variacionista do pronome oblíquo. Entretextos, Londrina, v. 23, n. 3, p. 118–136, 2023. DOI: 10.5433/1519-5392.2023v23n3p118-136. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/49321. Acesso em: 9 maio. 2024.

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.