Os “holandeses” e os “brasileiros” de Arapoti/PR: as (re)negociações culturais na alimentação
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2017v17n2p149Palavras-chave:
Interculturalidade, Linguagem, Memória, ImigrantesResumo
Um grupo de famílias imigrantes, vindo da Holanda, após uma longa viagem de navio e de ônibus, desembarcou em Arapoti/PR no dia 09 de junho. Desde a fundação da colônia holandesa de Arapoti [de que a pesquisadora faz parte], essas famílias se relacionam de uma forma ou de outra com os brasileiros já moradores da cidade. Tendo em vista esse contexto sociolinguisticamente complexo, portanto que comporta diálogos interculturais (GARCIA CANCLINI, 2013; JANZEN, 2005), este trabalho, um recorte de uma pesquisa de mestrado, busca compreender por meio das histórias orais e outras linguagens – a língua como caleidoscópio (CÉSAR e CAVALCANTI, 2007) - pelas quais as reminiscências das memórias também se manifestam (JOUTARD, 2008; POLLAK, 1989; PORTELLI, 2000), como ocorrem as (re)negociações culturais entre esses “holandeses” e “brasileiros” na/pela alimentação. Para tanto, afiliando-se à Linguística Aplicada trans/interdisciplinar, o trabalho fundamenta-se sob o eixo da noção do entre-lugar (BHABHA, 2013) junto à flexibilização do conceito de comunidade imaginada (ANDERSON, 2008; HOBSBAWM, 1990) para se pensar como esses sujeitos mobilizam o imaginário social em suas práticas discursivas relacionadas à alimentação. Metodologicamente, o estudo foi norteado por uma perspectiva qualitativa-interpretativista etnográfica. Os resultados sugerem que mesmo diante de uma discussão engajada em subverter o conceito tradicional de cultura, com vistas aos processos de hibridação cultural, na alimentação e suas diferentes linguagens muitas vezes as classificações (WOODWARD, 2009) continuam fundamentadas em binarismos, muito embora os processos de hibridação cultural, que são constituídos também por desencontros culturais, sejam evidentes nos hábitos alimentares desses sujeitos locais.
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Referências
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