O gênero de discurso científico e as práticas discursivas sobre animais não humanos

Autores

  • Verônica Franciele Seidel Universidade Federal do Rio Grande do Sul https://orcid.org/0000-0001-6643-2154
  • Charlies Uilian de Campos Silva Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Restinga

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2017v17n1p301

Palavras-chave:

Língua, Ideologia, Experimentação científica, Gênero do discurso

Resumo

Entendemos, conforme a perspectiva bakhtiniana, que nenhum fato da natureza tem significado em si mesmo, mas que tal significado surge justamente por meio da língua. Sendo assim, a análise dos fenômenos linguísticos auxilia a compreender os posicionamentos ideológicos que sustentam os discursos e, consequentemente, as práticas humanas. A partir disso, pretendemos entender como os animais não humanos (denominados usualmente de cobaias) e as práticas que os envolvem, com enfoque à experimentação laboratorial, são percebidas e apresentadas pelo gênero de discurso científico, bem como de que forma tal visão auxilia a estruturar as relações que com eles estabelecemos. Para isso, analisamos um artigo científico, utilizando como categorias de análise a noção de gênero do discurso. Percebemos, no discurso analisado, a perspectiva de que o emprego de animais é imprescindível ao progresso da ciência, de modo que toda atividade contrária à realização de tal prática é vista como radical e prejudicial ao desenvolvimento científico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Verônica Franciele Seidel, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Charlies Uilian de Campos Silva, Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Restinga

Doutorando em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor  no Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Restinga.

Referências

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. 5. ed. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Marxismo e Filosofia da Linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. Problemas fundamentais do Método Sociológico na ciência da Linguagem. Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 13. ed. São Paulo: Hucitec, 2009.

BRÜGGER, Paula. Nós e os outros animais: especismo, veganismo e educação ambiental. Linhas críticas, Brasília, v. 15, n. 29, p. 197-214, 2009.

DARWIN, Charles. A origem das espécies. São Paulo: Hemus, 2003.

DAWKINS, Richard. O gene egoísta. São Paulo: Itatiaia, 1979.

FRANCIONE, Garry Lawrence. Animals as persons: essays on the abolition of animal exploitation. New York: Columbia University Press, 2008.

FRANCIONE, Garry Lawrence. Introduction to animal rights: your child or the dog? Philadelphia: Temple University Press, 2000.

GOULD, Stephen Jay. A falsa medida do homem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

GUERRA, Andréa Trevas Maciel. Do holocausto nazista à nova eugenia no século XXI. Ciência & Cultura, São Paulo, v. 58, n. 1, p. 4-5, 2006.

KOTTOW, Miguel. História da ética em pesquisa com seres humanos. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde, Rio de Janeiro, v. 2, p. 7-18, 2008.

MARRAS, Stelio. Ratos e homens e o efeito placebo: um reencontro da cultura no caminho da natureza. Campos, Curitiba, v. 2, p. 117-133, 2002.

MEDVIÉDEV, Pável Nikoláievitch. O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica. Tradução Sheila Camargo Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Contexto, 2012.

RAYMUNDO, Marcia Mocellin; GOLDIM, José Roberto. Ética na pesquisa em modelos animais. Revista Bioética, Brasília, v. 10, n. 1, p. 31-44, 2002.

RYDER, Richard Dudley. Speciesism, painism and happiness: a morality for the twenty-first century. Exeter: Imprint Academic, 2011.

SINGER, Peter. Ética prática. 2. ed. Tradução Jefferson L. Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

TRINDADE, Gabriel Garmendia da. Animais como pessoas: a abordagem Abolicionista de Gary L. Francione. 2013. 219 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2013.

Downloads

Publicado

29-12-2017

Como Citar

SEIDEL, Verônica Franciele; SILVA, Charlies Uilian de Campos. O gênero de discurso científico e as práticas discursivas sobre animais não humanos. Entretextos, Londrina, v. 17, n. 1, p. 301–331, 2017. DOI: 10.5433/1519-5392.2017v17n1p301. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/28970. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos