O gênero de discurso científico e as práticas discursivas sobre animais não humanos

Autores

  • Verônica Franciele Seidel Universidade Federal do Rio Grande do Sul https://orcid.org/0000-0001-6643-2154
  • Charlies Uilian de Campos Silva Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Restinga

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2017v17n1p301

Palavras-chave:

Língua, Ideologia, Experimentação científica, Gênero do discurso

Resumo

Entendemos, conforme a perspectiva bakhtiniana, que nenhum fato da natureza tem significado em si mesmo, mas que tal significado surge justamente por meio da língua. Sendo assim, a análise dos fenômenos linguísticos auxilia a compreender os posicionamentos ideológicos que sustentam os discursos e, consequentemente, as práticas humanas. A partir disso, pretendemos entender como os animais não humanos (denominados usualmente de cobaias) e as práticas que os envolvem, com enfoque à experimentação laboratorial, são percebidas e apresentadas pelo gênero de discurso científico, bem como de que forma tal visão auxilia a estruturar as relações que com eles estabelecemos. Para isso, analisamos um artigo científico, utilizando como categorias de análise a noção de gênero do discurso. Percebemos, no discurso analisado, a perspectiva de que o emprego de animais é imprescindível ao progresso da ciência, de modo que toda atividade contrária à realização de tal prática é vista como radical e prejudicial ao desenvolvimento científico.

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Biografia do Autor

Verônica Franciele Seidel, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Charlies Uilian de Campos Silva, Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Restinga

Doutorando em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor  no Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Restinga.

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Publicado

29-12-2017

Como Citar

SEIDEL, V. F.; SILVA, C. U. de C. O gênero de discurso científico e as práticas discursivas sobre animais não humanos. Entretextos, Londrina, v. 17, n. 1, p. 301–331, 2017. DOI: 10.5433/1519-5392.2017v17n1p301. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/28970. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos