O gênero discurso quadra popular: subsídios para leitura e escrita na escola

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2015v15n2p109

Palavras-chave:

Gênero discursivo, Quadrinha popular, Sequência didática.

Resumo

Este artigo visa a caracterizar o gênero discursivo quadra popular a fim de que essa caracterização possa, futuramente, subsidiar a elaboração de sequências didáticas de leitura e produção escrita desse gênero. Atem-se à historicidade, às condições de produção, circulação, a elementos temáticos, enunciativos, composicionais e estilísticos. A pesquisa fundamentou-se no conceito bakhtiniano de gênero discursivo e em autores que dialogam sobre a versificação de formas poéticas orais, tradicionais e literárias em suas diversas manifestações sociais. Qualitativamente, investigou-se um corpus de 44 quadras populares coletadas de A Trova (1973), A Trova Popular (1974), Tradições Populares (1976), A trova do Brasil (1972), Música, doce música (1976), As melodias do boi e outras peças (1989), O Bumba-meu-boi som e movimento (2011), Música de Feitiçaria no Brasil (1963), Manual de Versificação Românica (2003), Manual de danças gaúchas (1955) e de + 1001 quadrinhas populares da Vovó Anita (2008). Os resultados mostram que a quadra popular no Brasil é um gênero discursivo que se caracteriza por ser plasmado no molde português, cujo afeiçoamento se dá por um processo formular, apoiado no princípio da variação. Conservando por “muletas iniciais” e “finais” ou “chavões” muitas temáticas de origem, mas com adaptações já nacionalizadas. Conclui-se que essas características do gênero discursivo quadra popular no Brasil podem subsidiar um trabalho de leitura e produção escrita em sala de aula nos Ensinos Fundamental e Médio.

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Biografia do Autor

Wildman dos Santos Cestari, Universidade de Taubaté - UNITAU

Mestrando em Linguística Aplicada. Poeta inscrito na União Brasileira de Escritores - UBE.

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Publicado

31-08-2015

Como Citar

CESTARI, Wildman dos Santos. O gênero discurso quadra popular: subsídios para leitura e escrita na escola. Entretextos, Londrina, v. 15, n. 2, p. 109–138, 2015. DOI: 10.5433/1519-5392.2015v15n2p109. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/20833. Acesso em: 25 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos