Mulheres nobres, macacos ignóbeis: Nelson Rodrigues e Xerazade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32950

Palavras-chave:

Nelson Rodrigues, As Mil e Uma Noites, Obsessões sexuais, Arquétipos.

Resumo

Um conto de Nelson Rodrigues e uma história narrada por Xerazade em As Mil e Uma Noites apresentam uma surpreendente afinidade temática e de atmosfera, embora os destinos das duas protagonistas sejam inversos após seus encontros com um grande macaco: uma delas parte da celebração do casamento e da renovação da vida para ser tragada pela morte, ao passo que a outra parte de um processo de destruição certa para ser resgatada para a vida. Em ambos os casos há uma obsessão por um animal monstruoso, símbolo do que há de mais primitivo por baixo de nossa frágil capa de civilização. Reatualizando a ideia psicanalítica da necessidade humana de renúncia ou ao menos de controle dos instintos como fundamento da civilização, as duas histórias apresentam muitos pontos de convergência, embora pertençam a épocas e universos culturais muito distintos. Partindo de uma leitura cerrada dos dois contos, este artigo analisa seus significados e as estratégias narrativas dos dois autores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adriano de Paula Rabelo, Universidade de São paulo

Doutor em Literatura Brasileira e pós-doutorando em História pela Universidade de São Paulo.

Referências

AUTOR ANÔNIMO. “História de Wardan, o agougueiro, com a filha do vizir”. V. 4, tradução de Nair Lacerda. In: As mil e uma noites (8 volumes). São Paulo: Saraiva, 1961, p. 1171-1176.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. Tradução de Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec, 2013.

CIRLOT, Juan Eduardo. A dictionary of symbols. London: Routledge, 2001.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador: formação do estado e civilização. Tradução de Edileine Vieira Machado. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador: uma história dos costumes. Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

GEORGE, David. Grupo Macunaíma: carnavalização e mito. São Paulo: Perspectiva, 1990.

JENNINGS, Lee Byron. The ludicrous demon: aspects of the grotesque in German post romantic prose. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 1963.

KRESSEL, Neil J.. The sons of pigs and apes: Muslim antisemitism and the conspiracy of silence. Washington, DC: Potomac Books, 2012.

MUHAMMAD, Maomé. O Alcorão: livro sagrado do Islã. Tradução de Mansour Chalita. Rio de Janeiro: BestBolso, 2016.

RODRIGUES, Nelson. O macaco. In: A vida como ela é...: o homem fiel e outros contos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 199-203.

RODRIGUES, Nelson. Teatro desagradável. In: Dionysos. Rio de Janeiro: SNT/MEC, n 1, outubro de 1949, p. 4-13.

TRESIDDER, Jack. The Watkins dictionary of symbols. London: Watkins Publishers, 2008.

Downloads

Publicado

2017-12-27

Como Citar

Rabelo, A. de P. (2017). Mulheres nobres, macacos ignóbeis: Nelson Rodrigues e Xerazade. Boitatá, 12(24), 99–114. https://doi.org/10.5433/boitata.2017v12.e32950

Artigos Semelhantes

1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.