As viagens no tempo nos contos de Sergio Buarque de Holanda e de Prudente de Moraes, neto
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v38p56Palavras-chave:
Surrealismo, Ficção, Anacronia, Plasticidade.Resumo
O artigo investiga as primeiras manifestações das vanguardas surrealistas no Brasil, a partir dos contos F-1, de 1923, e As mortes de Nero: ou o perigo das deduções, de 1924, escritos respectivamente por Sergio Buarque de Holanda e Prudente de Moraes, neto, os editores da revista modernista Estética (1924-1925). Baseados na ficção científica The Time Machine de G. H. Wells, ambos os autores rompem com a verossimilhança e com a estrutura da narrativa para produzir autênticas ficções fora da ciência sobre viagens no tempo, nas quais sobressaem certa anacronia entre presente, passado e futuro, além de discussões sobre o choque da invenção vanguardista perante a opinião pública. Podese perceber com as análises dos contos e de seus contextos de publicação que essas primeiras experiências surrealistas não podem ser compreendidas como meras adesões a determinada poética, como a dos manifestos de André Breton, senão que advêm de uma estética plural e de uma considerável heterogeneidade de ideias.Downloads
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