“O Haiti (não) é aqui”?: silêncios, regateios e estilhaços nos diálogos Haiti-Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v39p81Palabras clave:
Tradução, Poesia haitiana, Literatura contemporânea, Estudos pós-coloniaisResumen
Este artigo analisa perdas e silêncios na literatura contemporânea a partir da perspectiva Haiti-Brasil. Apesar de compartilharem histórias similares ligadas ao imperialismo europeu, à colonização, à diáspora africana, à escravização, à exploração de riquezas naturais como o açúcar e às insurgências independentistas, a ilha caribenha do Haiti e o Brasil parecem pouco se conhecer. A circulação de bens culturais se faz diminuta e, à primeira vista, se mostra associada a visões negativas. Visto pelo Haiti, o Brasil se limita ao futebol e à violência do exército nacional em missões ligadas à ONU. Visto pelo Brasil, o Haiti se resume aos imigrantes precarizados, à canção estigmatizante de Caetano Veloso e ao imaginário de subdesenvolvimento e pobreza crônica. Propomos uma trajetória sobre estes imaginários cruzados e nos atemos ao caminho da tradução de obras literárias haitianas no Brasil. A publicação em 2020 da obra bilíngue Estilhaços – antologia de poesia haitiana contemporânea pode ser interpretada como novo capítulo desta história repleta de lacunas e mal-entendidos. Ausência sentida no imaginário cultural brasileiro, o Haiti tem a chance de ser ressignificado através da antologia recém-lançada, na qual emerge uma potência literária em espelhamento com o Brasil.Descargas
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