A sombra como duplo da personagem no conto fantástico “As cores das bolinhas da morte”, de Ignácio de Loyola Brandão
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2024vol44n2p136Palavras-chave:
fantástico, duplo, sombra, conto, BrandãoResumo
Desde as sociedades primitivas, o ser humano tem imputado à sombra um forte poder simbólico. Na literatura, ela tem-se mostrado um importante signo, possibilitando, dentre outros aspectos, a representação da clássica dualidade humana. Nesta perspectiva, este trabalho objetiva analisar as configurações do duplo no conto fantástico “As cores das bolinhas da morte” (1999), de Ignácio de Loyola Brandão, que aborda, na construção da trama ficcional, o motivo literário da perda da sombra. Do ponto de vista teórico, este trabalho filia-se aos postulados sobre identidade, visto que aborda uma das facetas pelas quais o duplo é representado na literatura, e aos estudos sobre a literatura fantástica. A análise da referida narrativa de Brandão permite afirmar que a perda ou a ausência de sombra, fenômeno insólito por natureza, é fruto de uma cisão e problematiza a identidade da personagem, quando esta é confrontada com seu duplo. O reencontro com a sombra e sua reintegração ao sujeito não acontecem de forma pacífica, já que se processa através de uma inversão na hierarquia entre homem e sombra, estruturando uma nova relação de poder entre essas duas entidades complementares e opostas ao mesmo tempo.
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