Própolis no controle de mastite bovina bacteriana: uma ferramenta para a produção de leite orgânico
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2022v43n2p869Palavras-chave:
Antisséptico, Mastite, Microrganismos, Natural, Própolis.Resumo
A mastite bovina é uma das principais causas de prejuízo econômico na indústria leiteira, portanto o controle e prevenção de microrganismos envolvidos nessa doença, principalmente Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae é essencial. Uma das principais etapas na prevenção dessa doença é o uso de produtos antissépticos antes e depois do processo de ordenha, a fim de evitar contaminação bacteriana no úbere do animal. Atualmente, o produto antisséptico mais utilizado na indústria leiteira é a base de iodo, e fazendas produtoras de leite orgânico, que precisam seguir uma série de regulações estritas, incluindo o uso de produtos naturais sempre que possível, são frequentemente forçadas a adotar antissépticos não-naturais, como os a base de iodo por falta de alternativas naturais. Própolis, uma substância natural produzidas por abelhas, tem sido extensivamente estudada por suas várias propriedades, sendo uma delas antimicrobiana. Portanto, um novo produto antisséptico natural contendo própolis à 1% em solução hidroalcóolica 10% para o pré-dipping, e glicerinada 10% adicionada de óleo de citronela à 0,2% para o pós-dipping, foi avaliada quanto a sua capacidade de reduzir bactérias in vivo e prevenir a mastite bovina, além de poder ser utilizado na indústria leiteira orgânica. Um total de 128 amostras foram analisadas em termos de crescimento bacteriano para Enterobacteriaceae e Staphylococcus spp. utilizando a técnica de plaqueamento em superfície, a redução da concentração bacteriana após a aplicação dos produtos foi comparada entre duas soluções antissépticas, uma solução a base de iodo servindo como controle, e uma solução a base de própolis como a alternativa natural. Os resultados obtidos mostraram uma eficiência similar entre os produtos à base de iodo e própolis em termos de redução bacteriana total, indicando uma grande atividade antibacteriana contra as bactérias mais comumente associadas com a mastite bovina. Realizou-se análise molecular para a identificação de Streptococcus agalactiae, os resultados da PCR foram negativos para a presença de S. agalactiae em todas as amostras, indicando que os animais provavelmente não possuíam nenhuma forma da doença. A eficiência do antisséptico natural foi satisfatória, indicando um achado importante para auxiliar o crescimento da indústria de leite orgânico de forma mundial, mostrando uma solução antisséptica natural com atividade antimicrobiana eficiente.Downloads
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