A construção colonial do monolinguismo e seu impacto no desenvolvimento das línguas africanas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2025v25n1p54-76

Palavras-chave:

Construção Colonial, Monolinguismo, Línguas Africanas

Resumo

Os países africanos apresentam uma enorme diversidade linguística, o que torna comum que um africano fale duas ou três línguas de seu país. Durante o período colonial, línguas europeias foram instituídas como línguas oficiais, as línguas africanas, por sua vez, passaram a ter um status hierarquicamente inferior em relação às línguas europeias. Diante dessa situação, este trabalho se propôs a analisar a construção ideológica de uma sociedade monolíngue imposta pelos europeus durante o período colonial na África e seu impacto sobre as línguas africanas. Com base em dados obtidos de materiais escritos sobre o tema, constatamos que a construção colonial do monolinguismo teve e continua a ter impacto no desenvolvimento das línguas africanas, visto que, após as independências dos países africanos, a política linguística colonial foi mantida, com as línguas de origem europeia continuando a ser utilizadas como línguas oficiais, enquanto as línguas africanas passaram a ser vistas como um obstáculo para a união dos povos e o desenvolvimento das nações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rajabo Alfredo Mugabo Abdula, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Pós-doutorando em Sociolinguística Pela Universidade Estatual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) com financiamento da Pró-reitora de Pesquisa (PROPe), Doutor em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP, Mestre em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP, Licenciado em Ensino do Português pela Universidade Pedagógica de Moçambique(UP), Bacharel em Ensino do Português pela Universidade Pedagógica de Moçambique (UP). Atua como pesquisador e Professor colaborador na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) - Campus de Araraquara-SP. Áreas de atuação e de interesse: Sociolinguística, Ensino de línguas, Políticas linguísticas, Língua Portuguesa e Línguas africanas.

Referências

ALBAUGH, E. The colonial image reversed: language preferences and policy outcomes in African education. International Studies Quarterly, Oxford, v. 53, n. 2, p. 389-420, June 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-2478.2009.00539.x.

ANGOLA. Decreto n. 77, de 17 de dezembro de 1921. Proíbe o ensino de línguas indígenas e estrangeiras. Boletim Oficial da Província de Angola: série 1, n. 50, Luanda, 17 dez. 1921.

ANSRE, G. The use of indigenous languages in education in sub-Saharan Africa: presuppositions, lessons, and prospects. In: JAMES, A. E. (org.). International dimensions of bilingual education. Washington, D.C.: Georgetown University Press, 1978. p. 285-301.

AWOBULUYI, O. Official language policies in Africa. In: OLANIKE, O. O.; KAREN, W. S. (org.). Selected proceedings of the 43rd annual conference on African linguistics. Somerville: Cascadilla Proceedings Project, 2013. p. 68-76.

BAMGBOSE, A. African languages today: the challenge of and prospects for empowerment under globalization. In: EYAMBA, G. B.; SHOSTED, R. K.; AYALEW, B. T. (org.). Selected proceedings of the 40th annual conference on African linguistics. Somerville: Cascadilla Proceedings Project, 2011. p. 1-14.

BRENZINGER, M. Language death: factual and theoretical explorations with special reference to East Africa. New York: Mouton de Gruyter, 1992.

CRISTOVÃO, F. Dicionário temático da lusofonia. Lisboa: Texto Editores, 2005.

DAVESNE, A. La langue française, langue de civilisation en A.O.F. Saint-Louis: Imprimerie du Gouvernement du Sénégal, 1933.

FIRMINO, G. A questão linguística na África pós-colonial: o caso do português e das línguas autóctones em Moçambique. Maputo: Texto Editores, 2005.

FIRMINO, G. A questão linguística na África pós-colonial: o caso do português e das línguas autóctones em Moçambique. Maputo: Promédia, 2002.

GRAFF, H. J.; DUFFY, J. Literacy myths. In: STREET, B. V.; HORNBERGER, N. (org.). Encyclopedia of language and education. New York: Springer, 2007. v. 2, p.41-52.

JONES, T. J. Education in Africa: a study of West, South, and Equatorial Africa by the african education commission, under the auspices of the phelps-stokes fund and the foreign mission societies of North America and Europe. New York: Phelps-Stokes Fund, 1925.

LOPES, A. A batalha das línguas: perspectivas sobre linguística aplicada em Moçambique. Maputo: Fundação Universitária; UEM, 2004.

NHAMPOCA, E. A. C. Ensino bilíngue em Moçambique: introdução e percursos. Work. Papers em Linguística, Trindade, v. 16, n. 2, p. 82-100, dez. 2015. DOI: https://doi.org/10.5007/1984-8420.2015v16n2p82.

OBENG, S. G.; ADEGBIA, E. Sub-Saharan Africa. In: FISHMAN, J. (ed.). Handbook of language and ethnic identity. Oxford: Oxford University Press, 1999. p. 353-368.

OREKAN, G. Language policy and educational development in Africa: the case of Nigeria. Scottish Languages Review, Glasgow, n. 21, p. 17-26, 2010. Disponível em: https://dev.scilt.org.uk/Portals/24/Library/slr/issues/21/21_Orekan.pdf. Acesso em: 15 de jun. 2024.

PATEL, S. A. Olhares sobre a educação bilíngue e seus professores numa região de Moçambique. 2006. 129 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) - Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1603329. Acesso em: 7 de set. 2024.

PATEL, S. A. Um olhar para a formação de professores de educação bilíngue em Moçambique: foco na construção de posicionamentos a partir do lócus de enunciação e atuação. 2012. 266 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) -Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1617669. Acesso em: 7 de set. 2024.

PETTER, M. As línguas no contexto social africano. In: PETTER, M. (org.). Introdução à linguística africana. São Paulo: Contexto, 2015. p. 185-202.

PHILLIPSON. Phillipson, R. Linguistic Imperialism Continued. New York: Routledge, 2011.

PHILLIPSON, R. English for globalisation or for the world's people?. International Review of Education, Berlim, v. 47, n. 3/4, p. 185-200, July 2001. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3445340. Acesso em: 13 de abril de 2024.

PHILLIPSON, R. Linguistic imperialism: african perspectives. ELT Journal, Oxford, v. 50, n. 2, p. 160-167, Apr. 1996. DOI: https://doi.org/10.1093/elt/50.2.160.

PRAH, K. K. Multilingualism in urban Africa: bane or blessing. Journal of Multicultural Discourses, Abingdon, v. 5, n. 2, p. 169-182, July 2010. DOI 10.1080/17447143.2010.491916.

SITOE, B. Línguas moçambicanas, como estão?. In: SEVERO, C. G.; SITOE, B.; PEDRO, J. D. Estão as línguas nacionais em perigo?. Lisboa: Escolar Editora, 2014. p. 37-75.

UNESCO. Why and how Africa should invest in African languages and multilingual education: an evidence- and practice-based policy advocacy brief. Hamburg: UNESCO Institute for Lifelong Learning, 2010.

WATSON, K. Language, education and ethnicity: whose rights will prevail in an age of globalisation?. International Journal of Educational Development, Amsterdam, v. 27, n. 3, p. 252-265, May 2007. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijedudev.2006.10.015.

Arquivos adicionais

Publicado

22-04-2025

Como Citar

ABDULA, Rajabo Alfredo Mugabo. A construção colonial do monolinguismo e seu impacto no desenvolvimento das línguas africanas. Entretextos, Londrina, v. 25, n. 1, p. 54–76, 2025. DOI: 10.5433/1519-5392.2025v25n1p54-76. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/51768. Acesso em: 5 dez. 2025.