O redobro do sujeito de 3ª pessoa do singular como marca de concordância

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2024v24n3p64-79

Palavras-chave:

redobro do sujeito, morfologia verbal flexional, gramática do português brasileiro

Resumo

Neste artigo, investigo a construção de redobro do sujeito (DP + pronome de 3ª pessoa do singular) sem pausa prosódica entre o DP e a forma pronominal. Sigo uma linha de raciocínio já discutida por Kato (1999) e Costa, Duarte e Silva (2004), explorando a relação entre a construção de redobro do sujeito e o enfraquecimento da morfologia flexional em PB. Seguindo algumas das ideias sugeridas por Givón (1976, 2012[1979]), exploro a hipótese de que a forma pronominal, nessa construção de redobro do sujeito, tem o papel de “marcar” morfologicamente a flexão de 3ª pessoa, como maneira de distinguir a 3ª pessoa do singular das demais pessoas do discurso cuja flexão verbal se dá com o morfe-Ø. Concluo que essa construção é diferente da construção de topicalização\deslocamento à esquerda em português brasileiro (DP + pronome com pausa prosódica entre ambos), seja do ponto de vista da marcação morfológica, seja por suas características sintáticas, prosódicas e de estrutura informacional.

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Biografia do Autor

Gabriel de Avila Othero, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professor Associado do Departamento de Linguística, Filologia e Teoria Literária e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Fez doutorado (2009) em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS; fez Pós-Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, sob a orientação de Sergio Menuzzi (2009-2010), e na Universidade Estadual de Campinas - Unicamp (2017-2018), sob a orientação de Sonia Cyrino. 

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SOUZA, K.; OTHERO, G. A. Investigações sobre a duplicação do sujeito sem pausa prosódica no português brasileiro. Em preparação.

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Publicado

31-12-2024

Como Citar

OTHERO, Gabriel de Avila. O redobro do sujeito de 3ª pessoa do singular como marca de concordância . Entretextos, Londrina, v. 24, n. 3, p. 64–79, 2024. DOI: 10.5433/1519-5392.2024v24n3p64-79. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/50408. Acesso em: 24 mar. 2025.

Edição

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Artigos