Entre o sagrado e o profano na passarela da carnavalização: uma análise dialógica de Rupaul’s Drag Race
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2023v23n4p176-199Palavras-chave:
Drag Queens, Dialogismo, CarnavalizaçãoResumo
A aclamada série de televisão RuPaul's Drag Race é um espetáculo de criatividade e autenticidade, no qual drag queens de todo o mundo disputam uma competição acirrada, exibindo arte e talento, em apresentações que carregam elementos verbo-ideológicos significativos. Diante disso, este artigo objetiva analisar como aspectos da cosmovisão carnavalesca (Bakhtin, 2018) se manifestam nas performances das drag queens, destacando elementos que evidenciam uma subversão valorativa em torno da relação contrastiva entre o que é sagrado e o que é profano, presentes na expressão artística das participantes do reality show durante a execução do Snatch Game. Para tanto, o presente estudo, de caráter qualitativo-interpretativista (Minayo, 2002), situado no campo da Linguística Aplicada (Moita Lopes, 2006, 2009), tem como base analítica as contribuições teórico-filosóficas do Círculo de Bakhtin (Bakhtin, 2000, 2011, 2015, 2016, 2017, 2018; Volóchinov, 2018) acerca da abordagem dialógica da linguagem e da construção do enunciado concreto. Os dados desta análise, gerados pelo suporte metodológico do Paradigma Indiciário (Ginzburg, 1989), apontam para a formação de uma arena discursiva caracterizada pela resistência e pelo questionamento das convenções sociais, destacando a carnavalização como uma ferramenta eficaz na desconstrução e ressignificação das normas sociais em vigor na sociedade contemporânea.
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