Reflexão sobre o processo histórico que (des)une a língua portuguesa e a língua espanhola através dos tempos: alguns gestos de políticas linguísticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2016v16n2p243

Palavras-chave:

Política linguística, Língua espanhola, Língua portuguesa

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar uma reflexão acerca do processo histórico que (des)une a língua portuguesa e a língua espanhola, valendo-se de alguns gestos políticos tomados pelos “gestores” dessas línguas. O referencial teórico usado para subsidiar a presente reflexão está centrado, entre outros, nos estudos de Calvet (2007), Woolard (2007) e Lagares (2013). A metodologia adotada consistiu no exame de alguns documentos e gestos político-linguísticos determinantes para o desenvolvimento e evolução das duas línguas analisadas. Como resultado dessa reflexão, é possível afirmar que a proximidade, digamos política, entre as duas línguas, por um lado tem sido fundamental nas tomadas de decisões acerca da preservação e expansão dessas línguas e, por outro, tal proximidade foi determinada politicamente desde a origem do português e do espanhol. A língua espanhola, amparada numa política vigorosa e silenciadora, prosperou largamente e isso fez com que a língua portuguesa, por sua vez, vivesse desde sempre e até pouco tempo atrás com uma sombra ameaçadora castelhana.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Tadinei Daniel Jacumasso, Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)

Doutorando em Letras na Universidade de São Paulo (USP). Professor assistente na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)

Referências

ARGENTINA. Ley 26.468, de janeiro de 2009. Establécese que todas las escuelas secundarias del sistema educativo nacional, incluirán en forma obligatoria una propuesta curricular para la enseñanza del idioma portugués como lengua extranjera, en cumplimiento de la Ley N° 25.181. Disponível em: http://files.aapp.webnode.com/200000065-572bb5825c/Ley_26468.pdf. Acesso em 14 jan. 2015.

BAGNO, Marcos. Academia de letras pra quê?, 2010. Disponível em: http://www.portuguesegramatica.com.br/media/bagno/27-academia. Acesso em 18 maio 2014.

BAGNO, Marcos. O português não procede do latim. Uma proposta de classificação das línguas derivadas do galego. À busca do tesouro, n. 191, 2011, p. 34-39. Disponível em: http://www.editorialgalaxia.es/. Acesso em: 18 jan. 2015.

BARROS, João de. Gramática da língua portuguesa, seguida de Diálogo em Louvor da nossa linguagem, Lisboa. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1971.

BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez e latino: aulico, anatomico, architectonico... Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712.

BRASIL. Lei Nº 11.161, de 5 de agosto de 2005. Dispõe sobre o ensino da língua espanhola. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/. Acesso em 12 jan. 2015.

CALVET, Lois-Jean. As políticas linguísticas. Tradução Isabel de Oliveira Duarte, Jonas Tenfen, Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial: IPOL, 2007.

COELHO, Adolpho F. A lingua portugueza: phonologia, etymologia, morphologia e syntaxe. Coimbra: Imprensa da universidade, 1868.

CORREDOIRA, Fernando Vázquez. A construção da língua portuguesa frente ao castelhano: o galego como exemplo a contrário. Santiago de Compostela: Edicións Laiovento, 1998.

CRISTOFOLI, Maria Silvia. Políticas para a educação básica: as línguas estrangeiras nos documentos do MERCOSUL educacional e legislação do Brasil e da Argentina. In: CORIA, Adela; REGUERA, Alejandra (Org.). V ENCUENTRO INTERNACIONAL DE INVESTIGADORES DE POLÍTICAS EDUCATIVAS, 5., 2012, Córdoba. Resumos... Córdoba, 2012. p. 103-111.

CUESTA, Pilar Vásquez. A língua e a cultura portuguesas no tempo dos Filipes. Sintra: Publicações Europa-América 1988. 1ª ed. orig. esp. 1986.

LAGARES, Xoán Carlos. O galego e os limites imprecisos do espaço lusófono. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo da (Org.). O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. p. 339-360.

LAGARES, Xoán Carlos. Sobre a noção de galego-português. Cadernos de Letras da UFF, Niterói, n. 35, p. 61-82, 2008.

LAPESA, R. Historia de la lengua española. Madrid: Gredos, 1988.

LIÃO, Duarte Nunes de. Origem da lingoa portvgvesa. Biblioteca Nacional de Lisboa, 1606. Disponível em: http://purl.pt/50. Acesso em 12 jan. 2015.

NASCENTES, Antenor. Grammática da lingua espanhola para uso dos brasileiros. Rio de Janeiro: Livr. Drummond Editora, 1920.

OLIVEIRA, Fernão de. Grammatica da lingoagem portuguesa. Edição facsimilada. Lisboa: imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1988. Original 1536.

RODRIGUES, Fernanda Castelano. Língua viva, letra morta: obrigatoriedade e ensino de espanhol no arquivo jurídico e legislativo brasileiro. São Paulo: Humanitas, 2012.

ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo: Contexto, 2000.

VALDÉS, Juan de. Diálogo de la lengua. Madrid: Cátedra, 1987. Original 1737.

WOOLARD, Kathryn A. La autoridad linguística del español y las ideologias de la autenticidad y del anonimato. In: VALLE, José del (Ed.). La lengua, ¿patria común? deas e ideologías del español. Madri: Iberoamericana, 2007. p. 129-142.

Downloads

Publicado

25-11-2016

Como Citar

JACUMASSO, T. D. Reflexão sobre o processo histórico que (des)une a língua portuguesa e a língua espanhola através dos tempos: alguns gestos de políticas linguísticas. Entretextos, Londrina, v. 16, n. 2, p. 243–258, 2016. DOI: 10.5433/1519-5392.2016v16n2p243. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/24956. Acesso em: 28 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)