APLICAÇÃO DO ACORDO DE ESCAZÚ À GESTÃO DO REGIME LEGAL DE BIOMASSA NO BRASIL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1980-511X.2022v17n2p72

Palavras-chave:

Acordo de Escazú, Biomassa, Direito à informação ambiental, Sustentabilidade

Resumo

O presente artigo propõe abordagem dos direitos instrumentais ambientais a partir do Acordo de Escazú. Sustenta-se que o Tratado Internacional propicia uma nova formulação do direito ao acesso à informação ambiental. O direito à informação assume o papel de subsidiar Estado, mercado e sociedade para a definição de alternativas e tomadas de decisão no quadro de demandas energéticas. Nesse pano de fundo, cabe ao Estado e aos agentes de mercado elaborarem bases de dados e elementos para ampliação do conhecimento e potencialidades de energias sustentáveis, em especial, da biomassa. O potencial de biomassa é subutilizado no Brasil. A ampliação do uso de biomassa depende do acesso à informação como via para construção de alternativas socioeconômicas sustentáveis para produção de energia. A partir do método crítico-propositivo, o artigo sustenta o Acordo de Escazú como uma via de promoção da biomassa como energia sustentável e superação de déficits operacionais de seu regime jurídico.

Biografia do Autor

Marcelo Kokke, Escola Superior Dom Helder Câmara

Marcelo Kokke

Pós-Doutor em Direito Público - Ambiental pela Universidade de Santiago de Compostela - ES

Mestre e Doutor em Direito pela PUC-Rio

Especialista em processo constitucional

Pós-graduado em Ecologia e Monitoramento Ambiental

Procurador Federal da Advocacia-Geral da União - Núcleo de Matéria Ambiental - PFMG

Professor de Direito da Escola Superior Dom Helder Câmara

Professor do Uni-BH

Professor de  Pós-graduação da PUC-MG

Professor colaborador da Escola da Advocacia-Geral da União

Membro da Associação dos Professores de Direito Ambiental do Brasil

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Publicado

2022-11-08

Como Citar

Kokke, M. (2022). APLICAÇÃO DO ACORDO DE ESCAZÚ À GESTÃO DO REGIME LEGAL DE BIOMASSA NO BRASIL. Revista Do Direito Público, 17(2), 72–88. https://doi.org/10.5433/1980-511X.2022v17n2p72

Edição

Seção

Artigos