A poética da voz no território do maravilhoso napolitano e baiano: transmissão oral, conselho e troca de saberes
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2020v15.e41211Palabras clave:
Ciclo noivo-animal, Contos maravilhosos, Oralidade, Giambattista Basile, Marco Haurélio.Resumen
O mito de “Eros/Cupido e Psiquê” foi narrado nos livros IV, V e VI do romance antigo O asno de ouro por Lúcio Apuleio. O texto da literatura latina forneceu a fonte para o escritor napolitano Giambattista Basile (1575 -1632) escrever sua obra-prima Lo cunto de li cunti (O conto dos contos). Ele usou mito como inspiração para escrever o nono conto de fadas da segunda jornada, o qual recebeu o título de “O cadeado”. Parente em primeiro grau de “O cadeado” é o conto maravilhoso “Angélica mais afortunada (O príncipe Teiú)”. Essa história foi coletada pelo folclorista brasileiro Marco Haurélio em Igaporã, na Bahia, e registrada em seu livro Contos e fábulas do Brasil (2011). Este artigo busca analisar não somente o diálogo intertextual entre os contos maravilhosos napolitano e baiano, mas principalmente os elementos populares que se ligam à transmissão dessas narrativas pela oralidade, tendo em vista que tais histórias primeiro foram contadas oralmente por contadores e depois ouvidas por compiladores e folcloristas que as registraram em suas coletâneas maravilhosas. Verifica-se que os escritores deram um toque particular às narrativas coletadas, demonstrando a presença de uma oralidade, porém reconstruída por recursos que evidenciam suas culturas locais.
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