No Rastro do Ñandú, Sob as Patas do Centauro
vestígios dos povos indígenas da pampa gaúcha
DOI:
https://doi.org/10.5433/boitata.2023v18.e49468Palavras-chave:
Etnocídio, Apagamento, Pampa, Etnoastronomia, ÑandúResumo
O apagamento e etnocídio (Angatu, 2019) causaram o desaparecimento dos coletivos Charrua e Minuano da pampa gaúcha. Com o branqueamento implementado por Portugal e Espanha (Santos, 2018) e a formação da identidade baseada em lacunas de informação, histórias de raptos e silêncios estratégicos (Bracco, 2020), a população constituiu-se cultuando tradições expropriadas e negando a memória indígena. A folclorização capitalizou e desconfigurou o indígena, batizado como gaúcho: cidadão pobre em terra alheia. As mulheres indígenas sofreram uma violência duplicada, pois seus corpos, assim como a terra, eram riquezas a serem dominadas pelos colonizadores (Segato, 2018). A cultura desses povos pode ser recuperada pela etnoastronomia, que estuda como suas histórias revelam o conhecimento das constelações empregado durante seus deslocamentos e manejo territorial. O que esses povos viam no céu representava o que havia sobre a terra, (Afonso, 2006) como no caso da “caza ao ñandú”, relatado pelo povo Moqoit da Argentina. (Gimenez et al., 2002), (López, 2018). O ñandú ou rhea americana, perdeu espaço nos campos como “especie etnobiologica clave” (Rosso e Medrano, 2016) para o cavalo, elemento estrangeiro que compõe o “centauro da pampa” (Zalla, 2010), símbolo da cultura enxertada do gaúcho.
Downloads
Referências
ACUAB, C.; VICTORA, C.; LEITE, S. Nós somos os verdadeiros Charrua que não perderam o idioma, que preservaram a cultura. In: ROSADO, R. M.; FAGUNDES, L. F. C. (org.). Presença indígena na cidade: reflexões, ações e políticas. Porto Alegre: Gráfica Hartmann, 2013. p. 194-201.
AFONSO, G. B. Mitos e estações no céu Tupi-Guarani. Revista Ciência & Cultura, São Paulo, 2006. Disponível em:
https://revistacienciaecultura.org.br/?artigos=mitos-e-estacoes-no-ceu-tupi-guarani. Acesso em: 15 nov. 2023.
ANGATU, C. Decolonialidades indígenas. In: MESQUITA, M. R.; COSTA, F. A. (org.). Psicologia política no Brasil e enfrentamentos a processos antidemocráticos. Maceió: Editora da Universidade Federal de Alagoas, 2019. p. 231-241.
ARCE ASENJO, D. Nuevos datos sobre el destino de Tacuavé y la hija de Guyunusa. Anuario de Antropología Social y Cultural en Uruguay, Montevidéu, p. 51-71, 2007. Disponível em:
https://memoriacharrua.uy/wpcontent/uploads/2022/08/05_Nuevos_datos_sobre_el_destino_de_Tacuave.pdf. Acesso em: 18 nov. 2023.
BOUVIER, F. Arco de la Vía Láctea en Verano. 2020. 1 Fotografia. Disponível em:https://fefobouvier.com/es. Acesso em: 14 nov. 2023.
BOUVIER, F; ROSSO, A. El Ñandú en la Vía Láctea. 2023. 1 Fotografia. Disponível em:https://fefobouvier.com/es. Acesso em: 14 nov. 2023.
BRACCO, D. Charrúas, guenoa minuanos y rapto. História Unisinos, São Leopoldo, v. 24, n. 3, p. 379-389, 2020. DOI: https://doi.org/10.4013/hist.2020.243.04 DOI: https://doi.org/10.4013/hist.2020.243.04
GIMENEZ, B. S.; LÓPEZ, A. M.; GRANADA, A. Astronomía aborigen del chaco: mocovíes I: la noción de nayic (camino) como eje estructurador. La Plata: Universidad Nacional de La Plata, 2002. Disponível em: http://fcaglp.fcaglp.unlp.edu.ar/sixto/arqueo/scripta.htm. Acesso em: 16 nov. 2023.
GOLIN, T. O povo do pampa: uma história de 12 mil anos do Rio Grande do Sul para adolescentes e outras idades. 2. ed. Passo Fundo: UPF, 2001.
LOCATELLI, A. Formação do Rio Grande do Sul. 1953. 1 Têmpera. Disponível em: https://www.palaciopiratini.rs.gov.br/formacao-do-rio-grande-do-sul. Acesso em: 14 nov. 2023.
LÓPEZ, A. M. Interculturalidad y educación astronómica: perspectivas desde el chaco argentino. In: ROS, R. M.; BELMONTE, J. A.; FABREGAT, J. (ed.). Calidoscópio NASE deexperiencias en astronomía cultural: arqueoastronomía y astrononomía en la ciudad. Viena: NASE, 2018. p. 58-64.
LÓPEZ, A. M. Las texturas del cielo: una aproximación a las topologías moqoit del poder. In:TOLA, F.; MEDRANO, C. (ed.). Gran chaco: ontologías, poder, afectividad. Buenos Aires: Rumbo Sur, 2013. p. 103-131.
ROSSO, C. N.; MEDRANO, M. C. El ñandú (rhea americana) y los guaycurúes en el siglo XVIII: un abordaje etnobiológico histórico en el gran chaco argentino. Revista Chilena de Ornitología, Santiago, v. 22, n. 1, p. 19-29, mar. 2016. Disponível em: https://ri.conicet.gov.ar/handle/11336/46850. Acesso em: 14 nov. 2023.
SANTOS, A. L. M. Nos rincões do Brasil meridional: des-re-territorialização, subalternidade e r-existência na formação territorial da campanha gaúcha. 2018. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: https://app.uff.br/riuff;/handle/1/28400. Acesso em: 16 nov. 2023.
SEGATO, R. Contra-pedagogías de la crueldad. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2018.
TETTAMANZY, A. L. L.; PRITSCH, E. Fantasmas que escrevem: da rasura no sistema à criação multimodal pelos Kaingang e Mbyá-Guarani ao sul do Brasil. In: TETTAMANZY, A. L. L.; SANTOS, C. M. (org.). Lugares de fala, lugares de escuta nas literaturas africanas, ameríndias e brasileira. Porto Alegre: Zouk, 2018.
VIEIRA, M. C. Figurações primitivistas: trânsitos do exótico entre museus, cinema e zoológicos humanos. 2019. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17708. Acesso em: 18 nov. 2023.
ZALLA, J. A conquista do “país da solidão”: Luiz Carlos Barbosa Lessa e a invenção do Rio Grande do Sul. Fênix, Uberlândia, v. 7, n. 1, p. 1-21, 2010. Disponível em: https://revistafenix.emnuvens.com.br/revistafenix/article/view/245. Acesso em: 16 nov. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Nidiane Perdomo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Boitatá esta licenciada com CC BY sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito e prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.