A invenção machadiana e o experimentalismo sterniano como prolegômenos ao século XX: poéticas polifônicas e autoconsciência da multiplicidade

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2020v38p78

Palabras clave:

Memórias póstumas de Brás Cubas, Prólogos, Autoconsciência narrativa.

Resumen

A poética do romance passa por grandes transformações com autores como Xavier de Maistre e Laurence Sterne (no século XVIII) e Machado de Assis (no XIX). Nesta proposta, destacamos as obras A vida e as opiniões do Cavaleiro Tristram Shandy (Sterne 1759) eMemórias póstumas de Brás Cubas (Assis 1880), cuja publicação em folhetim completa 140 anos em 2020. Entendendo Memórias póstumas de Brás Cubas como primeiro romance brasileiro experimental, observamos as marcas da linguagem de Sterne e de Maistre evocadas pelo defunto autor Brás Cubas desde o Prólogo de suas Memórias, não por acaso, póstumas. Para tratar dos modos de fazer a autoconsciência narrativa, retomamos estilos ilimitados com Rabelais e Cervantes. Deambulando por prólogos romanescos, nos debruçamos sobre o “Ao leitor” de autoria machadiana. Amparados por pensadores do literário no século XX, como Carpeaux, Borges, Bakhtin e Calvino, estabelecemos relação entre os conceitos de polifonia e multiplicidade em uma compreensão do literário sem modelos estáveis e hierarquizados. Nesse sentido, descortinamos a condição de uma poética tanatográfica do autor criado Brás Cubas, da qual emanam desejos e movem-se formas romanescas autoconscientes em constante decomposição biográfica.

Biografía del autor/a

Ana Clara Magalhães de Medeiros, Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Doutora em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB). Professora de Estudos Literários na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas (FALE/UFAL).

Augusto Rodrigues da Silva Junior, Universidade de Brasília (UnB)

Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Pós-Doutor em Literatura Luso-Brasileira pela Universidade do Minho - Portugal. Professor Associado da Universidade de Brasília (TEL/UnB).

Citas

ASSIS, Machado de. Obra completa. Vol. I. Afrânio Coutinho, org. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Annablume/Hucitec, 2002.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. 5. ed. Trad. Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.

BEZERRA, Paulo. Posfácio. Fiódor Dostoiévski. Bobók. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34, 2005, pp. 111-125.

BORGES, Jorge Luis. Prólogos. Rio de Janeiro: Rocco, 1985.

CALVINO, Italo. Multiplicidade. Calvino I. Seis propostas para o próximo milênio: lições americanas. 3. ed. Trad. Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, pp. 115-138.

CALVINO, Italo. “Prezentazione”. Le città invisibili. Verona: Mondadori, 1993, pp. 3-11.

CALVINO, Italo. Se um viajante numa noite de inverno. Trad. Nilson Moulin. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2012.

CARPEAUX, Otto M. Reflexo e realidade. Rio de Janeiro: Fontana, 1976.

FRYE, Northrop. Anatomia da Crítica. São Paulo: Cultrix, 1957.

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. Trad. Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das letras, 2008.

JOYCE, James. Ulysses. Trad. C. W. Galindo. São Paulo: Penguim Classics/Companhia das Letras, 2012.

MEDEIROS, A. C. M. Poética socrática, tanatografia e a invenção do desassossego. 2017. Tese (Doutorado em Literatura). Universidade de Brasília, Brasília. Disponível em:https://repositorio.unb.br/handle/10482/842.

SCHNEIDER, Michel. Mortes imaginárias. Trad. Fernando Santos. São Paulo: A Girafa Editora, 2005.

SENNA, Marta de. O Olhar Oblíquo do Bruxo: ensaios em torno de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

SILVA JR, Augusto R. da. Morte e decomposição biográfica em Memórias Póstumas de Brás Cubas. 2008. Tese (Doutorado em Literatura Comparada) – Universidade Federal Fluminense, Niterói. Disponível em:http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/cp074719.pdf.

STERNE, Laurence. Tristram Shandy. Chicago: Encyclopedia Britannica, 1952.

STERNE, Laurence. A vida e as opiniões do cavalheiro Tristram Shandy. Trad. José Paulo Paes. 2. ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

Publicado

22-06-2020

Cómo citar

Medeiros, Ana Clara Magalhães de, y Augusto Rodrigues da Silva Junior. «A invenção Machadiana E O Experimentalismo Sterniano Como prolegômenos Ao século XX: Poéticas polifônicas E Autoconsciência Da Multiplicidade». Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 38, junio de 2020, pp. 78-89, doi:10.5433/1678-2054.2020v38p78.