Luto e melancolia na narrativa (gráfica) fantástica "Raiz" (2018), de Dudu Torres: uma análise a partir da perspectiva freudiana
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2024vol44n2p41Palavras-chave:
narrativa gráfica, narrativa fantástica, luto e melancolia, psicanálise freudianaResumo
A narrativa gráfica Raiz (2018), de Dudu Torres, mergulha na complexidade emocional experimentada por um menino em sofrimento pela morte da avó, em um ambiente de violência doméstica que agrava seu estado de melancolia. Nesse contexto, o protagonista é abruptamente confrontado com um evento de caráter sobrenatural, cuja irrupção amplia as fronteiras narrativas ao entrelaçar o substrato do real com os matizes do fantástico. Buscando desvelar essas camadas do comportamento do menino a partir da psicanálise freudiana, nossa análise se vale de três preceitos fundamentais: o do luto e da melancolia; do duplo; e da pulsão de morte. Nesse sentido, discorremos como a obra reflete a capacidade das narrativas gráficas de ilustrar conceitos complexos da psique humana através da integração entre imagem e palavra. No caso de Raiz, os desenhos do menino colaboram para esse processo de desvelamento de suas emoções, enquanto a figuração do duplo em imagem torna possível a concretização da culpa e da pulsão de morte. Essa possibilidade de criação pela imagem gráfica de eventos que traduzem o emocional em fantástico é uma característica desse tipo de mídia que buscamos acentuar neste trabalho.
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