Abaixo dos pés as tempestades: o desafio interdisciplinar
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2016v31p57Palabras clave:
Literatura, CViência, Interdisciplinaridade, EducaçãoResumen
O presente artigo propõe discutir, a partir das relações entre literatura e ciências da natureza, a relevância de estudos interdisciplinares para uma educação compromissada com a condição humana, a complexidade do conhecimento e a imaginação. Tendo em vista a reflexão de Edgar Morin sobre interdisciplinaridade e pensamento complexo, considerou-se a possibilidade de renovação do ensino de literatura nas escolas a partir de uma abordagem capaz de conjugar conhecimentos que são normalmente tratados como conflitantes (áreas relacionadas às humanidades, artes e linguagem normalmente são situadas em oposição às disciplinas ligadas às chamadas ciências “duras” ou atreladas a estudos da natureza e da matemática). Com a finalidade de colocar em questão a desconstrução de hierarquias e de divisões estanques entre as disciplinas, foram considerados aspectos epistemológicos associados à produção e difusão do conhecimento segundo a reflexão de autores como Gaston Bachelard e Wolf Lepenies. Buscou-se ainda contextualizar a discussão com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio e em trabalhos sobre o ensino no Brasil como os de Lopes (1999) e Fazenda (1996). A orientação teórica assim estabelecida permitiu sustentar a defesa de metodologia caracterizada pela abordagem do texto literário como objeto complexo, ou seja, considerando-o em integração com conhecimentos representados por outras disciplinas escolares, em especial as relacionadas às ciências da natureza. A obra literária deixa de ser considerada domínio exclusivo dos estudos de Língua e Literatura, sem perder sua especificidade, para ser compreendida como articulação de múltiplos fatores e conhecimentos passíveis de serem atualizados por estratégias interdisciplinares de leitura. Apresenta-se no artigo exercício para exposição da proposta apresentada, elegeu-se para essa finalidade o poema Às artes (1788), de Manuel Inácio da Silva Alvarenga. A escolha de obra setecentista visou expor como conexões entre o conhecimento científico e a prática poética da época conferem complexidade e atualidade ao texto escolhido ainda que escrito há mais de 200 anos, relacionando-o a demandas vividas pelos estudantes no âmbito escolar.Descargas
Citas
ALVARENGA, M. I. S. Obras poéticas: poemas líricos, Glaura, O desertor. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
BACHELARD, G. L’engagement rationaliste. Paris: PUF, 1972.
BACHELARD, G. Os pensadores. São Paulo: Abril cultural, 1978.
BACHELARD, G. A Chama de uma vela. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
BACHELARD, G. A terra e os devaneios do repouso. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BACHELARD, G. O novo espírito científico. Lisboa: Edições 70, 2008.
BARBOSA, E., & BULCÃO, M. Bachelard: Pedagogia da razão, pedagogia da imaginação. Petrópolis: Vozes, 2004.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais – Ensino Médio. 2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf >. Acesso em: 25 de jul. 2016
CARVALHO, R. História dos balões. Lisboa: Relógio D’Água, 1991.
DAFLON, Claudete. “Uma proposta de reflexão: literatura e ciência entre luso-brasileiros setecentistas”. Veredas (Coimbra), v. 19, p. 25-48, 2013.
DARNTON, R. “Os filósofos podam a árvore do conhecimento: a estratégia epistemológica da Encyclopédie”. O grande massacre de gatos, e outros episódios da história cultural francesa. Tradução de Sonia Coutinho. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 247-275.
FAZENDA, I. C. A. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. 4. ed. São Paulo, SP: Loyola, 1996.
FILGUEIRAS, C. A. L. A ciência e as Minas Gerais do Setecentos. In: M. E. L. Resende & L. C. Villalta, (orgs.). As Minas Setecentistas. Vol. 2. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. p. 159-186.
FREITAS, Maria Helena. Considerações acerca dos primeiros periódicos científicos brasileiros. Ciência da Informação (Brasília), v. 35, n. 3, p. 54-66, set./dez. 2006.
KRYZHANOVSKY, L. N. “The Lightning Rod in 18th-Century St. Petersburg: A Note on the Occasion of the Bicentennial of the Death of Benjamin Franklin”. Technology and Culture (Baltimore), v. 31, n. 4, pp. 813-817, oct. 1990. DOI: 10.2307/3105908.
KUHN, T. S. Tradição matemática versus tradição experimental no desenvolvimento das ciências físicas. A tensão essencial. Tradução de Marcelo Amaral Penna-Forte. São Paulo: Unesp, 2011. p. 55-88.
LEPENIES, W. As três culturas. Trad. Maria Clara Cescato. São Paulo: EDUSP, 1996.
LOPES, A. R. C. Conhecimento Escolar: Ciência e cotidiano. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999.
LYNN, M. R. Enlightenment in the public sphere: The Musée de Monsieur and Scientific Culture in Late-Eighteenth-Century Paris. Eighteenth-Century Studies (Baltimore), v. 32, n. 4, pp. 463-476, summer 1999. DOI: 10.1353/ecs.1999.0038.
MORIN, E. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
RUEDAS DE LA SERNA, Jorge Antonio. Arcádia: tradição e mudança. São Paulo: EDUSP, 1995.
TEIXEIRA, I. Mecenato pombalino e poesia neoclássica. São Paulo: EDUSP, 1995.
TODOROV, T. A literatura em perigo. 3. ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro, RJ.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
a) Los autores conservan los derechos de autor y otorgan a la revista el derecho de primera publicación, siendo la obra licenciada simultáneamente bajo la Licencia Creative Commons Reconocimiento-No Comercial 4.0 Internacional, permitiendo la compartición de la obra con reconocimiento de la autoría de la obra y publicación inicial en este periódico académico.
b) Los autores están autorizados a asumir contratos adicionales por separado, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicado en esta revista (por ejemplo, publicar en un repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista. diario.
c) Se permite y anima a los autores a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) después del proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Ver Efecto del Acceso Abierto).
d) Los autores de los trabajos aprobados autorizan a la revista para que, luego de la publicación, transfiera su contenido para su reproducción en indexadores de contenido, bibliotecas virtuales y similares.
e) Los autores asumen que los textos sometidos a publicación son de su creación original, asumiendo total responsabilidad por su contenido en caso de objeción por parte de terceros.