Crianimalça: figurações da relação criança-animal
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2022v42p125-136Palavras-chave:
estudos da infância, estudos literários animais, literatura angolana, literatura moçambicanaResumo
O presente artigo oferece uma leitura comparada de duas narrativas de ficção, a saber: “Nós matámos o cão-tinhoso” de Luís Bernardo Honwana, e Quem me dera ser onda de Manuel Rui. Essas obras, cujos personagens principais são crianças e animais não-humanos, tematizam, entre outros tópicos, condições de vulnerabilidade enquanto correlacionam a resistência dos animais não-humanos com os atos de insurreição das crianças. A partir de uma revisão do complexo estatuto da criança dentro do modelo humanista (antropocêntrico e focado no humano adulto) e à luz dos estudos literários animais contemporâneos, este artigo propõe revisitar as obras supracitadas acima a partir de uma análise factual, não-alegórica, tanto das crianças como dos animais não-humanos. Desfocalizando o humano adulto, o objetivo aqui é examinar como a relação interespécie e de afeição que crianças desenvolvem para com animais não-humanos pode contribuir com maior fôlego para se pensar e debater, de uma forma mais antiantropocêntrica, a complexa e multidimensional relação entre humanos e não-humanos.
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