Crianimalça: figurações da relação criança-animal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2022v42p125-136

Palavras-chave:

estudos da infância, estudos literários animais, literatura angolana, literatura moçambicana

Resumo

O presente artigo oferece uma leitura comparada de duas narrativas de ficção, a saber: “Nós matámos o cão-tinhoso” de Luís Bernardo Honwana, e Quem me dera ser onda de Manuel Rui. Essas obras, cujos personagens principais são crianças e animais não-humanos, tematizam, entre outros tópicos, condições de vulnerabilidade enquanto correlacionam a resistência dos animais não-humanos com os atos de insurreição das crianças. A partir de uma revisão do complexo estatuto da criança dentro do modelo humanista (antropocêntrico e focado no humano adulto) e à luz dos estudos literários animais contemporâneos, este artigo propõe revisitar as obras supracitadas acima a partir de uma análise factual, não-alegórica, tanto das crianças como dos animais não-humanos. Desfocalizando o humano adulto, o objetivo aqui é examinar como a relação interespécie e de afeição que crianças desenvolvem para com animais não-humanos pode contribuir com maior fôlego para se pensar e debater, de uma forma mais antiantropocêntrica, a complexa e multidimensional relação entre humanos e não-humanos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Anita P. de Melo, University of Cape Town

Docente em Português e Estudos Lusófonos na University of Cape Town.
Doutorado em Línguas Românicas pela University of Georgia, 2007.

Referências

AFOLABI, N. The golden cage: regeneration in Lusophone African literature and culture. Trenton: Africa Research & Publications, 2001

ALONSO, C. P. The Wind of Change in Nós matámos o cão-tinhoso. Ellipsis: Journal of the American Portuguese Studies Association, New Brunswick, v. 5, p. 67-85, 2007. Disponível em: https://apsa.us/ellipsis/5/alonso.pdf.

BROWN, C. E. The concept of vulnerability and its use in the care and control of young people. Tese (Doutorado em Sociologia e Políticas Sociais) – University of Leeds, jan. 2013. Disponível em: https://etheses.whiterose.ac.uk/4433/1/KB%20Thesis%20FINAL.pdf.

HARAWAY, D. J. The companion species manifesto: Dogs, people and significant otherness. 2. ed. Chicago: U of Chicago P, 2003.

HARAWAY, D. J. Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Durham: Duke U P, 2016. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv11cw25q

HARAWAY, D. J. Humanimal, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3OPeeAT

HERINGER, E. Quem me dera ser onda: A infância e o risível numa leitura de Angola pós-Colonial. Anais do SILIAFRO, EDUFU, v. 1, n. 1, p. 185-197, 2012.

HONWANA, L. Nós matámos o cão-tinhoso. 1964. Disponível em https://bit.ly/3yLV3mf.

GIRARD, R. Des choses cachées depuis la fondation du monde. Paris : Grasset, 1978.

GOMES, R. B., A. L. C Garcia. A falta de acessibilidade urbana para pessoas com deficiência e suas implicações em saúde mental e garantia de direitos humanos. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, Florianópolis, v. 9, n. 24, p. 230–253, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69615.

JAMES, A., A. Prout. Constructing and reconstructing childhood: contemporary issues in the sociological study of childhood. 2. ed. London: Routledge Falmer, 1997.

MURRIS, K. The posthuman child: educational transformation through philosophy with picturebooks. Londres: Routledge, 2016. DOI: https://doi.org/10.1007/978-981-287-532-7_164-1

MURRIS, K. A MANIFESTO. Posthuman child: de/colonising childhood through reconfiguring the human, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3yMZSvC.

MURRIS, K. Professor Karin Murris: reconfiguring the human and educational relationality, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3At3uE4.

MWANGI, E. M. The postcolonial animal: African literature and posthuman ethics. Ann Arbor: U of Michigan P, 2019. DOI: https://doi.org/10.3998/mpub.9955521

OERLEMANS, O. A defense of anthropomorphism: comparing Coetzee and Gowdy. Mosaic a journal for the interdisciplinary study of literature, Winnipeg, v. 40, n. 1, p. 181–196, 2007.

PANDE, A. Why animals matter in literature and culture, 2021. Disponível em https://bit.ly/3RePbJ5.

PIPER, C. Investing in children: policy, law and practice in practice. London: Willian, 2008.

RUI, M. Quem me dera ser onda. 1982. Disponível em: https://bit.ly/3yhFnpm.

SHAPIRO, Kenneth & Marion W. Copeland. Toward a critical theory of animal issues in fiction. Society & Animals, Ann Arbor, v. 13, n. 4, p. 343-346, 2005. Disponível em: https://www.animalsandsociety.org/wp-content/uploads/2016/01/shapirocopeland.pdf. DOI: https://doi.org/10.1163/156853005774653636

THIYAGARAJAN, N. We are not in this world alone: on drawing close, animal stories, and a multispecies sense of place. Palgrave Studies in Animals and Literature. Cham: Springer, 2021. p. 79–94. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-39773-9_6

WANNENBURGH, A. The bushmen. Cape Town: Struik, 1999.

WOODWARD, W. Social subjects: representations of dogs in South African fiction in English. Canis Africanis. Leida: BRILL, 2008. p. 235–262. DOI: https://doi.org/10.1163/ej.9789004154193.i-300.51

WOODWARD, W. “Disabilities” and trans-species connections in Luis Bernardo Honwana’s “We killed mangy-dog,” Paul Auster’s Timbuktu and Helen Humphreys’ Wild dogs. Forum for world literature studies, Hong Kong, v. 6, n. 1, p. 24-40, mar. 2014.‌ Disponível em: http://www.fwls.org/uploads/soft/210603/10479-210603161338.pdf.

Downloads

Publicado

18-09-2022

Como Citar

MELO, A. P. de. Crianimalça: figurações da relação criança-animal. Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, [S. l.], v. 42, n. 1, p. 125–136, 2022. DOI: 10.5433/1678-2054.2022v42p125-136. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/terraroxa/article/view/45271. Acesso em: 26 abr. 2024.