Chamada do v. 43 n. 2 (2023) - "A paisagem e suas construções literárias"

24-05-2022

Submissão até: 30 de abril de 2023.

Publicação prevista para outubro de 2023.

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Há algumas décadas, desde pelo menos os anos 70 do século passado, a paisagem tem ganhado força de discussão em várias áreas do conhecimento, num processo de reavaliação do conceito e de seu alcance. Não obstante as particularidades de um campo para outro, as abordagens contemporâneas da paisagem coincidem em um ponto central, o do distanciamento de  sua compreensão  simplesmente como sinônimo de natureza ou de um dado espaço material captado pela visão. Partindo de uma perspectiva fenomenológica, as reflexões atuais em torno da paisagem apontam para o seu aspecto cultural, na medida em que colocam o sujeito como condição de sua existência, o que permite concebê-la, como mostra Michel Collot, como “espaço percebido” (2012, p.11), “que não é nem uma pura representação, nem uma simples presença, mas o produto do encontro entre o mundo e um ponto de vista” (2013, p.18). Nessa formulação, a paisagem revela-se como um complexo indissociável entre um lugar, uma percepção e uma imagem, capaz de expressar um pensamento e um conhecimento atrelados a uma perspectiva relacional, a por em xeque o paradigma dualista do conhecimento que tem se sustentado no mundo moderno ocidental, que se quer neutro, geométrico, mecânico e quantitativo, como bem afirma  Augustin Berque em El pensamiento paisajero (2009). Na sua forma movente e intercambiante, trajetiva, apartada de dualismos, a paisagem constitui-se “como uma manifestação exemplar da multiplicidade dos fenômenos humanos e sociais” (COLLOT, 2013, p.15), um “espaço vivido”, da experiência, portanto, que a literatura tem explorado das mais variadas formas no decorrer do tempo.

Sendo assim, a presente chamada abre-se para trabalhos que problematizem configurações diversas da paisagem no âmbito das representações literárias, em diferentes gêneros e momentos, como expressão de uma maneira de ver, ser e estar no e com o mundo.

 

Editores responsáveis:

André Pinheiro (UFPI) e Regina Célia dos Santos Alves (UEL)