Interfaces da educação química com a cultura popular no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0383.2023v44n2p279

Palavras-chave:

Saberes populares, Ensino de química, Dissertações e teses

Resumo

 A proposta de inserção dos saberes populares no ensino de química já tem mais de 30 anos de idade no Brasil. Desde a sua proposição na década de 1990, configura atualmente um campo de estudos profícuo, diverso e criativo. Neste texto, revisitamos esta proposta e analisamos as dissertações e teses desenvolvidas no país no período de 2014 a 2022, buscando identificar a apropriação da proposta original e de outros referenciais, os temas de pesquisas, as metodologias e seus principais resultados. Notamos ter se instalado uma tradição de pesquisa essencialmente qualitativa, bem como a consolidação da compreensão de que a interface com a educação depende de haver sinergia entre os saberes populares e acadêmicos. As pesquisas acadêmicas revelaram ainda a penetração de outros aportes teóricos e metodológicos e o crescimento numérico de intervenções na escola básica, onde destacamos as contribuições dos mestrados profissionais e a promissora adoção de referenciais teórico-metodológicos da antropologia e da análise do discurso para a elaboração de descrições mais densas sobre os saberes populares.

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Biografia do Autor

Paulo Cesar Pinheiro, Universidade Federal de São João del-Rei - UFSJ

Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil. Docente do Departamento de Ciências Naturais e do Programa de Pós-Graduação Processos Socioeducativos e Práticas Escolares da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), São João del-Rei, Minas Gerais

Juliano Soares Pinheiro, Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia

Doutor em Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Docente do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia

Sérgio Tsembane, Universidade Save de Moçambique

Doutorando em Educação química na Universidade Federal de Alfenas. Professor  na Universidade Save em Moçambique

Juliana Magalhães, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Engenheira de Produção pela Faculdade Pitágoras, Minas Gerais, Brasil. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Processos Socioeducativos e Práticas Escolares da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil. Assistente em Administração da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Campus Cultural de Tiradentes, Minas Gerais,

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Publicado

30.12.2022

Como Citar

PINHEIRO, Paulo Cesar; PINHEIRO, Juliano Soares; TSEMBANE, Sérgio; MAGALHÃES, Juliana. Interfaces da educação química com a cultura popular no Brasil. Semina: Ciências Sociais e Humanas, [S. l.], v. 43, n. 2, p. 279–292, 2022. DOI: 10.5433/1679-0383.2023v44n2p279. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/47868. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos Seção Livre