A diagnose de traços graduais em redações escolares e a importância da pedagogia da variação linguística
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2023v23n3p96-117Palavras-chave:
Traços graduais, Sociolinguística Educacional, Pedagogia da variação linguísticaResumo
O presente artigo objetiva diagnosticar traços graduais nas redações escolares de alunos do Ensino Fundamental II, com base no que orienta Bortoni-Ricardo (2005) e adaptado por Sene (2018). Para isso, o corpus desta pesquisa foi composto de 56 redações de três diferentes escolas da cidade de Araraquara (São Paulo), totalizando 168 textos. Os desvios foram organizados em dois grupos: o primeiro decorrente da própria natureza arbitrária do sistema de convenções da escrita e o segundo aqueles que são decorrentes de hábitos da fala para a escrita. Os dados foram interpretados à luz da sociolinguística educacional (Bortoni-Ricardo, 2005), de processos fonológicos (Seara, Nunes e Lazzarotto-Volcão, 2011) e da pedagogia da variação linguística (Faraco, 2008). Foi possível refletir sobre como os desvios ortográficos são pistas linguísticas importantes para o reconhecimento da competência sociolinguística do aluno, sem contar que atuam como pistas de aprendizagem, dado que, a depender do desvio ortográfico apresentado, este pode ser ou não reflexo de uso variável gradual, ou descontínuo. A partir desse reconhecimento, o professor pode mobilizar um conhecimento necessário para que o aluno supere suas dificuldades ortográficas, além de depreender de que modo a pedagogia da variação linguística é o melhor caminho para um ensino de língua reflexivo e consciente.
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