O perigo de uma linguística única
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2025v25n1p29-53Palavras-chave:
Psicogenia, Linguística única, RacismoResumo
Este ensaio deriva de uma fala realizada durante o VI Language Week and I International Symposium on Language Teacher Education, realizado entre 24 a 26 de setembro de 2024 em várias cidades da Bahia, organizados pelo Programa de Formação de Professores de Línguas. Ao discutir o perigo de uma linguística única, pretendo discorrer sobre o perigo da psicogenia nos estudos da linguagem, isto é, a agenda evolucionária que sustenta o racismo de pé. Para isso, proponho repensar o papel de uma diversidade que, nos estudos da linguagem, precisa surgir desde as bases, as vozes insurgentes, essas que, durante muito tempo, foram apenas participantes de pesquisa dos estudos linguísticos, sem papel protagonista.
Downloads
Referências
AMEND, M. Rock paintings on an archeological site at Serra da Capivara National Park, Brazil. Shutterstock, New York, 2024. Available at: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/rock-paintings-on-archeological-site-serra-325712147. Access in: 11 mar. 2025.
BAGNO, M. O racismo linguístico do Brasil. Portal Geledés, 18 set. 2008. Disponível em: https://www.geledes.org.br/o-racismo-lingueistico-do-brasil/. Acesso em: 11 mar. 2025.
BAGNO, M.; RANGEL, E. de O. Tarefas da educação linguística no Brasil. Revista Brasileira De Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 63-81, 2005.
BAKHTIN, M. M. Toward a philosophy of the act. Austin: University of Texas Press, 1993.
BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral. São Paulo: Editora-Nacional: Ed. da Universidade de São Paulo, 1976.
BLOMMAERT, J. Grassroots literacies: writing, identity and voice in Central Africa. London: Routledge, 2008
BUENO, E. Traficantes, náufragos e degredados. Rio de Janeiro: Estação, 2016.
CALVET, L.Tradição oral e tradição escrita. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
CARVALHO, A. C. Leitura e escrita na educação infantil com sentido e significado. Diversa, [São Paulo], 5 set. 2019. Disponível em: https://diversa.org.br/artigos/alfabetizacao-na-educacao-infantil/. Acesso em: 10 fev. 2025.
CASTRO, Y. P. de. Marcas de africania no português brasileiro: o legado negroafricano nas américas. Ano 11, v. 24, p. 11-24, jan./abr. 2016. Disponíel em: https://periodicos.ufs.br/interdisciplinar/article/view/5398. Acesso em: 10 fev. 2025.
CASTRO-GÓMEZ, S. Descolonizar la universidad: la hybris del punto cero y el diálogo de saberes. In: Castro-Gómez, S.; Grosfoguel, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.
CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.
CHIMAMANDA Adichie: O perigo da história única. [S. l.: s. n.], 2012. 1 vídeo (18 min 49 s). Publicado pelo canal Bruno Alves. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EC-bh1YARsc. Acesso em: 10 fev. 2025.
DEGRAFF, M. Remarks on Noam. London: Noam Chomsky, Universal Grammar, and universal liberation through linguistics and education, 2019. Disponível em: https://remarksonnoam.mitpress.mit.edu/pub/g58bdora/release/2.
ERRINGTON, J. Colonial Linguistics. Annual Review of Anthropology, Palo Alto, v. 30, p. 19-39, 2001. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3069207. Acesso em: 10 fev. 2025.
FANON, F. Pele negra máscaras brancas. Salvador: EdUFBA, 2008.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
FARACO, C. A.; ZILLES, A. M. S. Para conhecer norma linguística. 1. ed. São Paulo: Contexto, 2017. v. 1.
FERNANDES, F. A integração do negro na sociedade de classes. Rio de Janeiro: Globo, 2008.
FERNANDES, F. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez Editora, 1989.
FLORES, F.; ROSA, J. Undoing appropriateness: raciolinguistic ideologies and language diversity in education. Harvard Educational Review, Cambridge, v. 85, n. 2, p. 149-171, 2015. Disponível em: https://psycnet.apa.org/doi/10.17763/0017-8055.85.2.149. Acesso em: 10 fev. 2025.
GOMES, N. L. O movimento negro educador: saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis: vozes, 2017.
GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan./jun. 1988. Disponível em:https://negrasoulblog.wordpress.com/wp-content/uploads/2016/04/a-categoria-polc3adtico-cultural-de-amefricanidade-lelia-gonzales1.pdf. Acesso em: 10 fev. 2025.
GUY, G. Linguistic variation in Brazilian Portuguese: aspects of the phonology, syntax, and language history. 1981. Dissertation (Master's degree in Linuistics) - University of Pennsylvania, Pennsylvania, 1981. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/303992042_LINGUISTIC_VARIATION_IN_BRAZILIAN_PORTUGUESE_ASPECTS_OF_THE_PHONOLOGY_SYNTAX_AND_LANGUAGE_HISTORY. Acesso em: 10 fev. 2025.
HAMPATÉ BÂ, A. Tradição viva. In: KI-ZERBO, J. (ed.). História geral da África I: metodologia e pré-história da Africa. Brasília, DF:MEC: Unesco, 2010. cap. 8, p. 167-212. (Coleção História Geral da África da UNESCO, v. 1). Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190249. Acesso em: 10 fev. 2025.
KROSKRITY, P. V. Covert linguistic racisms and the (re-)production of white supremacy. J. Linguistic Anthropology, [S. l.], v. 31, n. 2, p. 180-193, Aug. 2021. Disponível em: https://anthrosource.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jola.12307. Acesso em: 10 fev. 2025.
KROSKRITY, P. V. Theorizing linguistic racisms from a language ideological perspective. In: ALIM, H. S.; REYES, A.; KROSKRITY, P. V. (ed.). The Oxford Handbook of Language and Race. New York: Oxford University Press, 2020. cap. 4.
KUBCHANDANI, L. Plurilingual ethos: a peep into the sociology of language. Indian Journal of Applied Linguistics, [S. l.], v. 24, n. 1 p. 5-37, 1998. Disponível em: https://eric.ed.gov/?id=ED431312. Acesso em: 10 fev. 2025.
LUCCHESI, D. História do contato entre línguas no Brasil. In: LUCCHESI, D.; Baxter, A.; RIBEIRO, I. (ed.). O português afro-brasileiro. Salvador: Edufba, 2009. p. 4-73.
LUCCHESI, D. Racismo linguístico ou ensino democrático e pluralista? A questão do ensino da língua portuguesa no Brasil. Grial: Revista Galega de Cultura, Vigo: Revista Galega de Cultura, v. 49, n. 190, p. 86-95, 2011. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/41445557. Acesso em: 10 fev. 2025.
MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. Disinventing and reconstituting languages. In: MAKONI, S.; PENNYCOOK, A. (org.). Disinventing and Reconstituting Languages. Clevedon: Multilingual Matters, 2007. p. 137-156.
MAKONI, S. B.; SEVERO, C. G.; ABDELHAY, A. . Colonial linguistics and the invention of language. In: ABDELHAY, A.; MAKONI, S. B.; SEVERO, C. G. (org.). Language planning and policy ideologies, ethnicities, and semiotic spaces of power. 1. ed. Newcastle: Cambridge Scholars Publishing, 2020. v. 1, p. 211-228.
MIGNOLO, W. D. Local histories/global designs: coloniality, subaltern knowledges, and border thinking. Princeton: Princeton University Press, 2012.
MOURA, C. O Negro: de bom escravo a mau cidadão. São Paulo: Dandara Editora, 2021.
MUFWENE, S. Creolization is a social, not a structural process. In: INEUMANN-HOLZSCHUH, I.; SCHNEIDER, E. W. (org.) Degrees of Restructuring in Creole Languages. Amsterdam: John Benjamins, 2001. p. 65-83.
NARO, A. J.; SCHERRE, M. M. P. Origens do português brasileiro. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2007.
NASCIMENTO, G. O negro-tema na Linguística: rumo a uma descolonização do racialismo e do culturalismo racialista nos estudos da linguagem. Polifonia: Estudos da Linguagem, Cuiabá, v. 27, n. 46, p. 68-94, 2020. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/polifonia/article/view/9560. Acesso em: 10 fev. 2025.
NASCIMENTO, G. O pretuguês de Carolina Maria de Jesus e o português de Regina Dalcastagne Carta aberta à escritora Conceição Evaristo. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 20, n. 3, p. 9332-9341, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e93199. Acesso em: 10 fev. 2025.
NASCIMENTO, G. Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. 1. ed. Belo Horizonte: Letramento Editorial, 2019. v. 1.
NASCIMENTO, G.; WINDLE, J. The unmarked whiteness of brazilian linguistics: from black-as-theme to black-as-life. Linguistic Anthropology, [S. l.], v. 31, n. 2, p. 283-286, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jola.12321. Acesso em: 10 fev. 2025.
RAMOS, A. G. O problema do negro na sociologia brasileira. Cadernos do Nosso Tempo, [S. l.], 2 jan./jun, 1954. Disponível em: https://archive.org/details/OProblemaDoNegroNaSociiologiaBrasileira. Acesso em: 10 fev. 2025.
RAMOS, A. G. A redução sociológica. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
SEVERO, C. G.; GORSKI, E. O legado de Fishman e desafios para a sociolinguística brasileira. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 20, n. 4, p. 9028-9042, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/forum/article/view/96265. Acesso em: 10 fev. 2025.
SILVA NETO, S. da. História da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1970.
SOUZA, A. L. S. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança, hip hop. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2011. v. 1.
STROUD, C. African Mother-tongue programmes and the politics of language: linguistic citizenship versus linguistic human rights. Journal of Multilingual and Multicultural Development, Abingdon, v. 22, n. 4, p. 339-355, 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1080/01434630108666440. Acesso em: 10 fev. 2025.
VOGT, C.; FRY, P. Cafundó, a África no Brasil: linguagem e sociedade. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
WYNTER, S. Towards the sociogenic principle: fanon, identity, the puzzle of conscious experience, and what it is like to be 'black'. In: DURAN-COGAN, M.; GOMEZ MORIANA, A. (org.). National identities and sociopolitical changes in Latin America. New York: Routledge, 2001. cap. 2, p. 31-66.
ZILLES, A. M. S.; FARACO, C. A. (org.). Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Gabriel Nascimento

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Entretextos adota a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International, portanto, os direitos autorais relativos aos artigos publicados são do/s autor/es.
Sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito e prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.













