Variação pronominal nós/a gente na fala de norte-paranaenses: o papel dos fatores extralinguísticos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2024v24n1p152-171

Palavras-chave:

primeira pessoa do plural, língua falada, sociolinguística variacionista

Resumo

É consensual que a variação é uma das características das línguas em geral. Embora existam regras gramaticais categóricas, isto é, que não podem ser violadas pelos falantes, há, por outro lado, regras variáveis, dentre as quais se destaca a variação da primeira pessoa do plural. Mesmo que, invariavelmente, as gramáticas normativas tragam o mesmo quadro de pronomes-sujeito, tal sistema pronominal já não corresponde à realidade linguística brasileira, em que existem dois pronomes de primeira pessoa do plural: nós e a gente, os quais são recorrentemente encontrados em diferentes regiões do país. Posto isso, o presente trabalho, baseado na metodologia da Sociolinguística Variacionista, objetiva examinar a variação pronominal de primeira pessoa do plural na fala de norte-paranaenses. Para tanto, analisam-se 15 entrevistas de informantes norte-paranaenses, com o intuito de verificar, também, como os fatores extralinguísticos sexo, faixa etária e grau de escolaridade atuam na realização do fenômeno linguístico em questão. Após a análise, verificou-se que, no Norte do Paraná, há preferência pelo a gente como pronome-sujeito de primeira pessoa do plural, independentemente dos fatores sociais analisados.

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Biografia do Autor

Laura Bellanda Galuch, Universidade Estadual de Londrina

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – (Área de concentração: Estudos Linguísticos; Linha de pesquisa: Descrição Linguística). Graduada em Letras – Português e Literaturas Correspondentes pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora de Língua Portuguesa e de Redação na rede privada de ensino.

Vanderci de Andrade Aguilera, Universidade Estadual de Londrina

Possui graduação em Letras Franco Portuguesas pela Universidade Estadual de Londrina (1969), mestrado em Letras Assis pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1987), doutorado em Letras Assis pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1990) e pós-doutorado na Universidade de Alcalá de Henares-Espanha. Aposentou-se como docente associada 3, na Universidade Estadual de Londrina onde atuou desde 1982 junto ao Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Geolinguística, atuando principalmente nos seguintes temas: atlas linguístico, Brasil, estudos lexicais sincrônicos e diacrônicos, Paraná, língua portuguesa. É autora do Atlas linguístico do Paraná, coordenadora da Regional Paraná do Atlas linguístico do Brasil, atuando também como Diretora Científica desse Projeto. Professora sênior do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem desde sua aposentadoria em 2013. Bolsista da Fundação Araucária, mediante convênio 298/2015, Chamada 09/2015, com vigência de março de 2016 a fevereiro de 2020. Novo Termo de Compromisso, Colaboração e Responsabilidade como professora sênior foi assinado pela Reitoria da Universidade Estadual de Londrina em 22/04/2020. Pesquisadora PQ 1C do CNPq para o quadriênio 2021-2024.

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Publicado

30-06-2024

Como Citar

BELLANDA GALUCH, Laura; DE ANDRADE AGUILERA, Vanderci. Variação pronominal nós/a gente na fala de norte-paranaenses: o papel dos fatores extralinguísticos. Entretextos, Londrina, v. 24, n. 1, p. 152–171, 2024. DOI: 10.5433/1519-5392.2024v24n1p152-171. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/49342. Acesso em: 21 nov. 2024.

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Artigos