Sujeitos bilíngues e suas relações com o português como língua materna:O Desejo da Completude e a Falta Constitutiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1519-5392.2014v14n1p79

Palavras-chave:

Bilíngue, Bilinguismo, Discurso, Representações

Resumo

O objetivo deste trabalho é o de investigar a relação de sujeitos bilíngues, falantes de inglês e português, com a língua portuguesa. Para tanto, analiso recortes discursivos, selecionados entre as respostas de dez sujeitos bilíngues, a duas perguntas: Qual de suas duas línguas você mais aprecia? Por quê? e Qual de suas línguas é mais importante para você? Por quê?. Os textos obtidos por meio dessas perguntas são analisados a fim de localizar as representações que esses sujeitos possuem do português e, dessa forma, mostrar a irrupção de discursos em torno de suas identidades. Proponho uma interpretação discursiva desses recortes apoiada teoricamente na Análise de Discurso de linha francesa, com contribuições teóricas da noção de representações sociais (MOSCOVICI, 2003; JODELET, 2001). Apoio-me também na ideia de preconceito linguístico (BAGNO, 2002) que emergiu no discurso dos sujeitos participantes. A análise dos dados apontou para o fato de que esses sujeitos atribuem ao português à classificação de difícil, materializada quando o sujeito, ao justificar sua posição, dá ênfase às regras gramaticais que, para ele, são impossíveis de serem colocadas em uso. Esses enunciados parecem revelar a falta constitutiva do enunciador, assim como seu desejo por uma língua “perfeita”. Essa língua ideal passa a fazer parte do imaginário do sujeito que começa a desejá-la, e dessa forma, seu desempenho linguístico é visto como insuficiente e inacabado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Antonieta Heyden Megale, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Doutoranda em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de São Paulo. Professora  do Instituto Superior de Educação de São Paulo.

Referências

BAGNO, M. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 15 ed. Loyola: São Paulo, 2002.

COURTINE,J. Analyse du discours politique. Le discours communiste adressé aux chrétiens. In.: Langages. Paris: Larousse, 1981.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro, RJ: Graal, 1979.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1987.

FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

GHIRALDELO, C. As Representações de Língua materna: Entre o Desejo de Completude e a Falta do Sujeito, 2002. Tese(Doutorado em Linguística Aplicada). Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP, 2002.

JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001.

LACAN, J. O estádio do espelho como formador da função do eu. In: LACAN, J. Escritos. Tradução de V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 96-103

LACAN,J. O seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1982.

MOSCOVICI, S. La psychanalyse, son image et son public. Paris: PUF, 1961.

MOSCOVICI,S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2003.

PÊCHEUX, M. (1975). Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de E. P. Orlandi et alii. Campinas: UNICAMP, 1988.

PÊCHEUX, M.; FUCHS, C. A Propósito da Análise Automática do Discurso: atualização e perspectivas (1975). In: GADET F.; HAK, T. (Org.) Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Trad. de Péricles Cunha. Campinas: Unicamp, 1997. p. 163-235.

POSSENTI, S. Os limites do discurso. Curitiba: Criar Edições. 2002.

Downloads

Publicado

23-10-2014

Como Citar

MEGALE, Antonieta Heyden. Sujeitos bilíngues e suas relações com o português como língua materna:O Desejo da Completude e a Falta Constitutiva. Entretextos, Londrina, v. 14, n. 1, p. 79–99, 2014. DOI: 10.5433/1519-5392.2014v14n1p79. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/entretextos/article/view/14665. Acesso em: 23 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos