Procedimentos de manutenção de tópico na sustentação oral em defesa de Cesare Battisti no Supremo Tribunal Federal
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2012v12n2p152Palavras-chave:
Tópico, Sustentação oral, AnáforaResumo
Este trabalho trata da presença de termos anafóricos em diálogos, com a finalidade de discutir o papel desses termos na manutenção do tópico na sustentação oral do Supremo Tribunal Federal. A exposição compõe-se de três partes: na primeira, são explicados sobre o corpus e seu caso, depois, são expostos os conceitos de tópico e de anáfora, e este último fenômeno é discutido a partir de suas duas formas principais: a anáfora total (correferência em sentido estrito) e a parcial (anáfora associativa). O corpus do trabalho é constituído pela sustentação oral de Luis Roberto Barroso em defesa do extraditando Cesare Battisti em seu julgamento no Supremo Tribunal Federal. O método da ser adotado nesta pesquisa será do empírico-indutivo, porque a fluidez e a imprevisibilidade requerem metodologia específica que dê conta dos fenômenos peculiares à língua falada. Procurou-se evidenciar que ambas as modalidades de anáfora estão ligadas à criação e à manutenção do contexto cognitivo-conceitual dentro do qual se desenvolve o tópico. Mostrou-se, a partir dos exemplos citados, que a anáfora (ou correferência) não retoma diretamente os seres reais, mas referentes discursivos, inseridos no modelo contextual dos interlocutores. É essa inserção, aliás, que possibilita a criação do universo comum partilhado pelos interlocutores, requisito essencial para a interação.Downloads
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