Edição Atual
No volume 17 do ano de 2023, a Revista Domínios da Imagem apresenta dois números compostos por artigos livres. O presente número se trata da segunda publicação, contando com artigos de temática livre que dialogam com questões do mundo das imagens. São oito artigos que manifestam diferente domínios dos estudos imagéticos, passando pela fotografia, cinema, jogos, exposições, cultura pop, entre outros.
Desejamos a todos uma ótima leitura.
Imagem da capa: Passengers, do fotógrafo César Dezfuli.
Expediente
Apresentação
Artigos gerais
CHAMADA ABERTA PARA DOSSIÊ - FILOSOFIA DA IMAGEM (vol. 19, 2025)
Organização: Dra. Andrea Cachel (UEL), Dra. Christiani Margareth de Menezes e Silva (UEL) e Me. Pedro Monte Kling (UFPR)
Prazo para envio de artigos: 10 de abril de 2025
A relação da filosofia com a imagem instaura-se desde o seu início, seja pelo estabelecimento de oposição, seja pela defesa de uma complementariedade entre o conhecimento conceitual e o imagético. Afinal, implicando desmembramentos fundamentais no campo da epistemologia, da política e da ética, o questionamento acerca do papel da imagem na vida humana esteve sempre presente nos estudos dos autores clássicos da filosofia.
Desde os mitos gregos tradicionais, com imagens de seres sobrenaturais, aventuras e heróis fantásticos, assim como a crítica feita pelos primeiros filósofos na desconstrução desses, a imagem se relaciona com diversas noções filosóficas importantes, como a de mimesis, quando os pensadores procuraram entender o que pintores, escultores e poetas expressam em suas obras. Da mesma forma, o questionamento do estatuto da imagem esteve atrelado à questão de como, a partir de nossas percepções, as imagens nos auxiliam a inteligir acerca da origem do cosmos, das nossas ações e escolhas, de como conhecemos o mundo e de como justificamos tal conhecimento.
Além disso, a priorização na Modernidade da ideia de representação trouxe ao centro do debate assuntos ligados a uma outra dimensão da imagem, tais como o papel do sujeito na constituição da experiência, fazendo emergir problemáticas como o realismo indireto, além das questões concernentes ao espaço e tempo, por exemplo. No plano da estética, reflexões acerca do juízo de gosto tornam-se fundamentais para os filósofos, dentre os quais Hume e Kant se destacam. Em contraponto, surgem nesse contexto também, paulatinamente, possibilidades de leituras que enfatizam a imediaticidade da imagem, em oposição ao seu caráter mimético e representativo. Ademais, passa a ser fomentada toda uma perspectiva de abordagem acerca da imagem ligada à noção de antiteatralidade, que tem em Diderot seu precursor.
As análises mais contemporâneas acerca da pintura, da fotografia e do cinema consolidam algumas dessas discussões e abrem espaço para temas originais. Em Deleuze e Nancy, a indicação de uma imagem como força e não como mera cópia. Em Didi-Huberman, a ênfase na importância de uma imagem “que nos olhe”. Em Arthur Danto, a ponderação de uma pergunta fundamental: o que é a arte, após a emergência de trabalhos como o de Andy Warhol? Na obra de Greenberg, a discussão acerca do que caracteriza a arte moderna, inclusive ponderando-se a sua conexão com a filosofia kantiana. No que se refere à fotografia, leituras essenciais como as de Barthes, Flusser, Bazin e Kendall Walton, em perspectivas distintas, mostram como a criação dessa linguagem artística rompe com a relação outrora estabelecida entre imagem e realidade. Além disso, questionamentos quanto ao modo como uma imagem-tempo possa engendrar o pensamento ou como um mundo projetado na tela aprofunda o ceticismo sobre o objeto exterior e sobre os outros sujeitos, para nos referirmos aqui a dois marcos fundamentais da filosofia do cinema (Deleuze e Stanley Cavell), evidenciaram como os filmes podem ser fontes profícuas do fazer filosófico.
Assim, muitas são as possibilidades de análises filosóficas sobre a imagem, as quais podem permear toda a diversidade de áreas e períodos desse campo do saber. Nesse cenário, o Dossiê Filosofia da Imagem pretende contemplar toda essa miríade de temas, de perspectivas e de autores. Nesse sentido, são bem-vindos textos que pensem a relação entre a filosofia e a imagem, o papel da sensação e da imaginação na política e na ética, a ideia de representação e suas implicações, o juízo de gosto, a antiteatralidade nas artes visuais, as perspectivas indexicais da imagem, além de análises concernentes à ontologia da pintura, do cinema e da fotografia, dentre outras.