"Que roupa é essa, menino?"
Lunga: heroísmo, western e cinema de cangaço em Bacurau
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-9126.2025.v19.51308Palavras-chave:
Lunga, Bacurau, Herói, Kleber Mendonça Filho e Juliano DornellesResumo
Este artigo tem como objetivo analisar aspectos do filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. O ponto central é a interpretação da personagem Lunga (Silvero Pereira), investigando se ela representa um herói individual ou se há, no filme, a presença de um heroísmo coletivo, conforme proposto por Brecht em seu teatro. Seja esse heroísmo coletivo ou individual, cabe questionar o que Lunga constrói ou desconstrói, considerando que sua performance subverte a de outros heróis, seja os da indústria hollywoodiana, seja aqueles da cultura popular brasileira. A partir da figura de Lunga foi possível refletirmos sobre como Bacurau dialoga com o gênero western e com outros filmes brasileiros que apresentam personagens semelhantes, como o cangaceiro, analisando como o filme atualiza esses gêneros e figuras. Para isso, recorremos ao conceito de herói com base em fontes da teoria teatral, além de críticas do contexto de lançamento, entrevistas dos diretores e uma análise comparativa de referências em Bacurau.
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Referências
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