A prosa espontânea de Kerouac como provocação à crítica genética

da rasura infinita à palavra qualquer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2024vol44n1p58

Palavras-chave:

rasura, texto, enunciação, fé, Jack Kerouac

Resumo

O objetivo deste artigo é avaliar em que medida o projeto de escrita espontânea de Jack Kerouac impõe alguns problemas metodológicos para a crítica genética. Para este fim, divido a argumentação em duas partes. Na primeira, discutirei algumas das premissas antirromânticas da crítica genética no contexto da crise da representação e da “morte do autor” comentando passagens de Barthes e Derrida. Em seguida, com base na experiência de leitura de seus manuscritos, farei uma breve apresentação da obra e dos métodos de escrita de Kerouac para discutir como se pode entender formalmente a espontaneidade como um campo de investigação da crítica genética. Com isso, concluo chamando a atenção para a importância de se pensar metodologias de análise genética que ampliem a compreensão da enunciabilidade ou da performatividade do manuscrito, considerando o problema paulino da fé como “proximidade entre voz e coração”, tal como discutido por Giorgio Agamben.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Gabriel Victor Rocha Pinezi, Universidade de Brasília

Doutorado em Letras pela Universidade Estadual de Londrina -  UEL
Professor Adjunto A no Departamento de Teoria Literária e Literatura da UnB

Referências

ABRAMS, M. H. O Espelho e a Lâmpada: teoria romântica e tradição crítica. Trad. Alzira Vieira Allegro. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

AGAMBEN, Giorgio. A comunidade que vem. Trad. Cláudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

AGAMBEN, Giorgio. A linguagem e a morte: um seminário sobre o lugar da negatividade. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.

AGAMBEN, Giorgio. O tempo que resta: um comentário à Carta aos Romanos. Trad. Davi Pessoa. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

BARTHES, Roland. A morte do autor. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2004. 57-64.

BARTHES, Roland. Crítica e verdade. Trad. Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1970a.

BARTHES, Roland. S/Z. Paris: Éditions du Seuil, 1970b.

BARTHES, Roland. S/Z. Trad. Maria de Santa Cruz e Ana Mafalda Leite. Lisboa: Edições 70, 1999.

BENVENISTE, Émile. Semiologia da língua. Problemas de linguística geral II. Trad. Eduardo Guimarães et al. Campinas: Pontes, 1989. 43-67.

BRANDÃO, Jacyntho Lins. Antiga Musa: arqueologia da ficção. Belo Horizonte: Relicário, 2015.

DAVIS, Oliver. The Author at Work in Genetic Criticism. Paragraph, Edinburgh, n. 25, v.1, p. 92–106, 2002. DOI: https://doi.org/10.3366/jsp.2002.25.1.92

DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Trad. Miriam Chnaiderman e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 2017.

DERRIDA, Jacques. Margens da filosofia. Trad. Joaquim Torres Costa e António M. Magalhães. Campinas: Papirus, 1991.

GEWIRTZ, Isaac. Beatific Soul: Jack Kerouac on the road. New York: The New York Public Library, 2007.

KEROUAC, Jack. On The Road (Pé na Estrada). Trad. Eduardo Bueno. Porto Alegre: L&PM, 2009.

KEROUAC, Jack. On The Road: o manuscrito original. Trad. Eduardo Bueno e Lúcia Brito. Porto Alegre: L&PM, 2012.

KEROUAC, Jack. The Portable Jack Kerouac. New York: Viking, 1995.

On the Block, $2.4 Million for ‘On the Road’. The New York Times, Seção B, p. 4, 23 de maio de 2001. Disponível em: https://www.nytimes.com/2001/05/23/nyregion/on-the-block-2.4-million-for-on-the-road.html.

PINEZI, Gabriel. A Experiência Literária de Jack Kerouac: a criação da liberdade, a liberdade da criação. 2015. Tese. (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2015. Disponível em: https://www.academia.edu/22291160/A_Experi%C3%AAncia_Liter%C3%A1ria_de_Jack_Kerouac_a_cria%C3%A7%C3%A3o_da_liberdade_a_liberdade_da_cria%C3%A7%C3%A3o

PINO, Claudia Amigo & Roberto Zular. Escrever sobre escrever: uma introdução crítica à crítica genética. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de lingüística geral. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 1973.

Downloads

Publicado

03-06-2024

Como Citar

Pinezi, Gabriel Victor Rocha. “A Prosa espontânea De Kerouac Como provocação à crítica genética: Da Rasura Infinita à Palavra Qualquer”. Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 44, nº 1, junho de 2024, p. 58-70, doi:10.5433/1678-2054.2024vol44n1p58.