De Andrade a Andrade: a reescritura de Venceslau e Ci em Macunaíma

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2022vol42n2p49

Palavras-chave:

Macunaíma, Mário de Andrade, Joaquim Pedro de Andrade, Ci, gigante Venceslau.

Resumo

Este artigo analisa comparativamente a rapsódia Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, e o filme homônimo (1969), de Joaquim Pedro de Andrade. Focalizando o contexto histórico da ditadura militar, que influenciou a produção cinematográfica, são analisadas as reconfigurações dos personagens Venceslau e Ci. A partir dos postulados de Zilá Bernd, Lilia Schwacz, Stuart Hall, Judith Butler, Nelly Richard, entre outros, as duas partes deste estudo apresentam: 1) o gigante Venceslau como metáfora do domínio estrangeiro e a vitória de Macunaíma sobre seu oponente, por meio de características que exaltam a cultura autóctone e a mestiçagem; 2) a transição de Ci — de heroína mítica a guerrilheira urbana —, de modo a questionar a representação hegemônica do gênero feminino. Em ambos os casos, demonstra-se que as mudanças feitas pelo diretor são inerentes ao processo de adaptação do texto literário e ao caráter transitório das identidades, sobretudo considerando as quatro décadas que separam livro e filme.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Verônica Daniel Kobs, Centro Universitário Campos de Andrade (UNIANDRADE) e FAE Centro Universitário (FAE)

Doutorado em Estudos Literários (UFPR, 2009).
Professora do Centro Universitário Campos de Andrade (UNIANDRADE).
Professora do FAE Centro Universitário (FAE).

Referências

ALTAFIM, Elisete, Marcela Zaniboni Campos & Evandro de Melo Catelão. Comunicação, moda e semiótica: pressupostos para o estudo da história do jeans em campanhas publicitárias. 2010. Disponível em: https://tinyurl.com/mr3bh6jz.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Garnier, 2001.

BERMAN, Antoine. A prova do estrangeiro. São Paulo: EDUSC, 2002.

BERND, Zilá. Literatura e identidade nacional. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 1992.

BRANDÃO, Junito. Mitologia grega. 2 v. Petrópolis: Vozes, 2000.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem e outras metas. São Paulo: Perspectiva, 2004.

CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. São Paulo: Senac, 2006.

FANON, Frantz. Racismo e cultura. Manuela Ribeiro Sanches, org. Malhas que os impérios tecem: textos anticoloniais, contextos pós-coloniais. Lisboa: Edições 70, 2012. 273-285.

FLAX, Jane. Pós-modernismo e relações de gênero na teoria feminista. Heloisa Helena Oliveira Buarque de Hollanda, org. Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. 217-250.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP & A, 2001.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2003a.

HALL, Stuart. Quem precisa da identidade? Tomaz Tadeu da Silva, org. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2003b. 103-135.

HOLLANDA, Heloisa Helena Oliveira Buarque de. Macunaíma da literatura ao cinema. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.

HOLLANDER, Anne. O sexo e as roupas: a evolução do traje moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

LACLAU, Ernesto & Chantal Mouffe. Hegemony and the socialist strategy: towards a radical democratic politics. London: Verso, 1985.

MACUNAÍMA. Direção de Joaquim Pedro de Andrade, Filmes do Serro, Grupo Filmes, Condor Filmes; Difilm, 1969. DVD, 108 min.

MARTINS, Clovis, Andressa Marluche Rinsa & Fernanda Silva. A evolução do jeans e sua estratégia para permanência no mercado. 2º CONTEXMOD | Congresso Científico Têxtil e de Moda. Anais eletrônicos... Campinas, Galoá, 2014. Disponível em: https://tinyurl.com/3fccwef2.

MEDEIROS, Paulo Tarso Cabral de. A brasa da Jovem Guarda ainda arde. Temas & matizes, Cascavel, n. 10, p. 69-76, jul./dez. 2006.

MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido de retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: neurose. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

RICHARD, Nelly. A escrita tem sexo? Intervenções críticas: arte, cultura, gênero e política. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2002. 127-141.

RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira: raízes sociais das esquerdas armadas, 1964-1974. São Paulo: Ed. da Unesp, 1989.

SARTI, Cynthia Andersen. O feminismo brasileiro desde os anos de 1970: revisitando uma trajetória. Estudos feministas, Florianópolis, v. 12, n. 2, p. 35-50, mai./ago. 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2004000200003

SCHWARCZ, Lilia Katri Moritz. Complexo de Zé Carioca. Notas sobre uma identidade mestiça e malandra. [1994]. Disponível em: http://anpocs.com/images/stories/RBCS/rbcs29_03.pdf.

SEVERINO, Francisca Eleodora Santos. À beira do caminho: a jovem guarda prepara a mudança social. Psicologia política, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 209-232, jul./dez. 2002.

SILVA, Tomaz Tadeu da. A produção social da identidade e da diferença. Tomaz Tadeu da Silva, org. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. 73-102.

STAM, Robert. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. Ilha do desterro, Florianópolis, n. 51, p. 19-53, jul./dez. 2006. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8026.2006n51p19

WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. Tomaz Tadeu da Silva, org. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2003. 7-72.

XAVIER, Ismail. Alegorias do subdesenvolvimento. São Paulo: Brasiliense, 1993.

YAKHNI, Sarah. Macunaíma: um herói sem causa. Disponível em: https://tinyurl.com/52mm6x76.

Downloads

Publicado

30-12-2022

Como Citar

Kobs, Verônica Daniel. “De Andrade a Andrade: A Reescritura De Venceslau E Ci Em Macunaíma”. Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 42, nº 2, dezembro de 2022, p. 49-64, doi:10.5433/1678-2054.2022vol42n2p49.