Retrato de um inquietante vestido: quase objeto?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2016v32p95

Palavras-chave:

Literatura, Fotografia, Punctum.

Resumo

O artigo esboça algumas relações entre a arte literária e a fotografia por intermédio do conto “Vestido de fustão”, do escritor José J. Veiga. Na coletânea intitulada Objetos turbulentos, em que se insere o referido conto, em todas as narrativas as coisas são alçadas a um lugar de destaque, quase exercendo a função de personagens das tramas. Essa valoração dos objetos é realizada, na maioria dos casos, através de recursos que se aproximam da focalização da fotografia, uma vez que a imagem do objeto se projeta de modo central, detalhadamente, como a poetizar o instante de sua captação, revelando o punctum ao seu espectador/leitor. Os objetos desvelam situações insólitas, problematizando as práticas de subjetivação/objetivação, nas quais os sujeitos se encontram enredados. Buscaremos demonstrar que os objetos insólitos, por serem perspectivados como punctum, obedecem a um processo de rostificação, processo esse de que decorre a ambiência fantástica nas narrativas em que se inserem, e por essa razão eles se tornam turbulentos ou quase objetos. Para a análise tomaremos como suporte especialmente os estudos de Roland Barthes e Gilles Deleuze.

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Biografia do Autor

Marisa Martins Gama-Khalil, Universidade Federal de Uberlândia

Doutora em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista. Pós-doutora pela Universidade de Coimbra. Professora da Universidade Federal de Uberlândia.

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Publicado

07-08-2017

Como Citar

GAMA-KHALIL, M. M. Retrato de um inquietante vestido: quase objeto?. Terra Roxa e Outras Terras: Revista de Estudos Literários, [S. l.], v. 32, p. 95–105, 2017. DOI: 10.5433/1678-2054.2016v32p95. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/terraroxa/article/view/26341. Acesso em: 25 abr. 2024.