Tradição e Ruptura
A Representação do Feminino nas Tirinhas da Mafalda
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-4876.2024v27n2p53-64Palavras-chave:
Análise de Discurso, Mulher., Tirinhas da MafaldaResumo
O presente trabalho objetiva analisar o funcionamento do discurso feminista nas tirinhas da Mafalda, do cartunista Quino. A análise busca compreender como são produzidas as diferentes posições assumidas pelas personagens Mafalda, Raquel (sua mãe) e Susanita (sua amiga). Para tanto, analisaremos duas tirinhas, a fim de descrever e compreender os efeitos de sentido que produz. Esse trabalho apoia-se na Análise materialista do discurso, difundida no Brasil a partir dos trabalhos de Orlandi (1999). Após as análises, concluímos que o posicionamento mobilizado por Mafalda se diferencia dos discursos da amiga Susanita e da mãe, Raquel. Mafalda mobiliza falas que produzem efeitos de resistência diante das práticas do patriarcado, sendo interpelada pelo movimento feminista que circulava nas décadas de 1960 na américa. No caso de Susanita, seus posicionamentos ocasionam o efeito de resignação frente às práticas discursivas do patriarcado, o que reflete o modo como se comporta frente ao feminismo. Já as falas de Raquel são caracterizadas por um efeito de descoberta, na medida em que se dá conta do conflito entre o lugar social que ocupa e as posições que poderia ter assumido socialmente.
Downloads
Referências
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos do Estado. 8ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2003 [1970].
ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo. São Paulo: Cultural/Brasiliense – Coleção Primeiros Passos, 1991.
COURTINE, J.-J. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Carlos: EDUFSCar, 2009 [1981].
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. v. 2. Tradução Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BOURDIEU, Pierre. Dominação masculina. Tradução: Maria Helena Kuhner. 2ª ed. Rio de Janeiro: Berthand Brasil, 2002 [1930]. 160p.
BRETANHA, Santiago; ERNST, Aracy Graça. Contradição, discurso e resistência em análise de discurso: só há falha daquilo que causa. Cadernos de Estudos Linguísticos, v. 63, 2021. DOI: https://doi.org/10.20396/cel.v63i00.8661734
CARRIERI, Alexandre de Pádua. O humor como estratégia discursiva de resistência: as charges do SINTTEL/MG. Organizações & Sociedade, v. 11, p. 29-48, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/osoc/a/gqQrBXSkXcytjRggN4rCQHk/?lang=pt>. Acesso em: 18 de agosto de 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/S1984-92302004000200002
COSSE, Isabella. Mafalda historia social y política. – La ed. – Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2014.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
INDURSKY, Freda. O trabalho discursivo do sujeito entre o memorável e a deriva. Signo y seña, n. 24, p. 91-104, 2013.
LERNER, Gerda. A criação do patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. Tradução: Luiza Sellera. São Paulo: Cultrix, 2019 [1986].
MARQUES, Ângela Cristina Salgueiro; OLIVEIRA, Luciana de. Poder e Resistência: breve reflexão teórica sobre o papel do humor nos conflitos público-privado em contextos organizacionais. C-Legenda-Revista do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual, n. 26, p. 99-110, 2012. DOI: https://doi.org/10.22409/c-legenda.v0i26.26251
ORLANDI, Eni Puccinelli. Por uma teoria discursiva da resistência do sujeito. In. ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso em análise: sujeito, sentido, ideologia. Campinas: Pontes, 2013. p. 213-234.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. Campinas: Editora da UNICAMP, 1992.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios & procedimentos. Campinas: Pontes, 1999.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Paráfrase e polissemia: a fluidez nos limites do simbólico. Rua, v. 4, n. 1, p. 9-20, 1998. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8640626>. Acesso em: 19 de outubro de 2023.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Traduzido por Eni Pulcinelli Orlandi. Campinas: Editora da Unicamp, 1975.
PEREIRA, Fernanda. Feminilidade e feminismo: resistência ao controle patriarcal. In: TARANI, Ana Maria de Fátima Leme et al (Org.). Poder, dizer e resistir: Ensaios em análise do discurso. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019. 184p.
POSSENTI, Sírio. Os humores da língua. Ciência hoje, v. 30, n. 176, p. 72-74, 1998.
POSSENTI, Sírio. Humor, língua e discurso. São Paulo: Editora Contexto, 2010.
POSSENTI, Sírio. Discurso Humorístico e Representações do Feminino (Humoristic Discourse and Female Representation). Estudos da Língua (gem), v. 5, n. 1, p. 63-94, 2007. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/estudosdalinguagem/article/view/1048/896. Acesso em: 1 nov. 2023. DOI: https://doi.org/10.22481/el.v5i1.1048
RODRIGUES, Suzana Braga; COLLINSON, David. Having fun? Humor as resistence in Brazil. Organization Studies, Berlin, v. 16, n. 5, p. 739-768, 1995. DOI: https://doi.org/10.1177/017084069501600501
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou Da Educação. Trad. Roberto Leal Ferreira. Martins Fontes. 2ª ed. São Paulo. Martins Fontes, 1999 [1762].
SOUZA, Alan Lobo de. Quando o humor (não) é humor?: uma análise dos modos de significar a universidade pública no discurso conservador. Revista do GELNE, v. 25, n. 1, p. e31957-e31957, 2023. DOI: https://doi.org/10.21680/1517-7874.2023v25n1ID31957
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Alan Lobo de Souza, Vanessa Alves de Araújo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Signum: Estudos da linguagem, publica seus artigos licenciados sob a Licença Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Esta licença permite que terceiros façam download e compartilhem os trabalhos em qualquer meio ou formato, desde que atribuam o devido crédito de autoria, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Se você remixar, transformar ou desenvolver o material, não poderá distribuir o material modificado.