O Afrofuturismo na Adaptação Sequencial de Kindred (2017)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2237-4876.2024v27n2p14-26

Palavras-chave:

Afrofuturismo, Histórias em quadrinhos, Kindred (2017)

Resumo

A adaptação sequencial Kindred (2017) narra as experiências e vivências da protagonista, Dana, frente à escravidão e ao racismo, durante as suas diversas viagens no tempo à Maryland do século XIX, nos Estados Unidos da América. Esta história em quadrinhos é uma adaptação do romance afrofuturístico epônimo da escritora estadunidense Octavia E. Butler de 1979, pelas mãos dos cartunistas Damian Duffy e John Jennings. Por meio das representações interseccionais entre gênero, poder e raça, eles ilustram mais vividamente as violências enfrentadas por Dana em uma plantação do antigo Antebellum. Desta forma, os objetivos desta pesquisa foram identificar os principais elementos afrofuturísticos aplicados na adaptação e verificar como os recursos sequenciais foram utilizados tanto para intensificar a experiência leitora, quanto para promover uma adaptação mais fidedigna (Cartmell, 1999). Por intermédio da metodologia desconstrutivista (Derrida, 2010; Evans, 2020; Shaikh, 2022), identificamos um revisionismo profundo sobre as relações entre gênero, poder e raça. Por conseguinte, este revisionismo resultou em uma pletora de representações sequenciais acerca das reinterpretações, reconstruções e reconciliações históricas. Os cartunistas não sugerem esquecer o passado, mas compreendê-lo como uma entidade hodierna.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carlos Eduardo de Araujo Placido, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Doutor em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Estudos de Literatura pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Bacharel e Licenciado em Letras Português/Inglês pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, sou professor adjunto de literaturas de língua inglesa pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A minha área de pesquisa remete aos estudos criativos, linguísticos e literários em língua inglesa, mormente dos Estados Unidos da América. Além disso, sou coordenador do Laboratório de Letramento Acadêmico e Criativo (LALAEC) da UFMS. A função do LALAEC é o de auxiliar no desenvolvimento da escrita científica e criativa em língua inglesa. As minhas áreas de interesse de pesquisa são: cinemas, contos de fadas, escritas criativas, histórias em quadrinhos, mitologias, teatros e vídeo games. Sou também pesquisador associado às ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial) e à ABRAPT (Associação Brasileira de Pesquisadores em Tradução). ceplacido@gmail.com

Dr. Nataniel dos Santos Gomes, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Possui graduação em Letras (Português / Literatura) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1996), mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002) e doutorado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007), pós-doutor em Língua Portuguesa na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2019). É professor da graduação e do programa de pós-graduação (Mestrado Acadêmico em Letras e Mestrado Profissional em Letras) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), unidade de Campo Grande. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: descrição linguística, línguas indígenas brasileiras, weblinguagem e histórias em quadrinhos. É líder do Núcleo de Pesquisa em Quadrinhos (NuPeQ) e do Núcleo de Línguas Indígenas de Mato Grosso do Sul (NuLIMS), vice-líder do Grupo de Semiótica, Leitura e Produção de Texto (SELEPROT-UERJ). Membro do Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos (CiFEFiL) e diretor da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial (ASPAS). Autor de inúmeros artigos e de mais de 40 livros. nataniel@uems.br

 

Referências

BLOOMFIELD, David. Reconciliation After Violent Conflict A Handbook. Handbook Series. Holmberg & Holmberg Design AB: Sweden, 2003.

BRAYBOY, B. M. Toward a tribal critical race theory in education. The Urban Review, 37 (5), 425-446, 2006. DOI: https://doi.org/10.1007/s11256-005-0018-y

BUROCCO, Laura. Afrofuturismo e o devir negro do mundo. Revista Arte e Ensaios, n. 38, julho de 2019. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/26373/15167 Acesso em: 04 mar. 2024.

CARTMELL, Deborah. Adaptations: From Text to Screen, Screen to Text, London: Routledge, 1999.

DERRIDA, J. Grammatology. London Routledge Press, 2010.

DONALDSON, Eileen. A contested freedom: The fragile future of Octavia Butler’s Kindred. In: English Academy Review: Southern African Journal of English Studies, 31:2, 94-107, 2014. DOI: https://doi.org/10.1080/10131752.2014.965423

EVANS, C. Strategies of Deconstruction: Derrida and the Myth of the Voice. USA: University of Minnesota Press, 2020.

FIELDER, T. Infinitum: An Afrofuturist Tale. Amistad: New York, 2021.

FOLKE, C., S. R. Carpenter, B. Walker, M. Scheffer, T. Chapin, and J. Rockström. 2010. Resilience Thinking: Integrating Resilience, Adaptability and Transformability. Ecology and Society 15 (4). Disponível em <http://www.ecologyandsociety.org/vol15/iss4/art20/>. Acessado em 16/01/2024. DOI: https://doi.org/10.5751/ES-03610-150420

FOUCAULT, M. A ordem do discurso. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2004.

FREUD, S. O estranho. In S. Freud. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud (J. Salomão, Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Obra originalmente publicada em 1919), 2020.

GODDARD, STACEY. Embedded Revisionism: Networks, Institutions, and Challenges to World Order. In: International Organization, 72 (4): 763–97, 2018. DOI: https://doi.org/10.1017/S0020818318000206

HAWKING, Stephen. Uma Breve História do Tempo. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2015.

HOFSTEDE, G. Culture and Organizations: Software and the Mind. New York: McGraw-Hill Companies, 2007.

JEMISIN, N. K. Far Sector. DC Comics: New York, 2021.

JENNINGS, J.; DUFFY, D. Kindred: A Graphic Novel Adaptation. ‎ Abrams Comicarts, 2017.

MCGREGOR, D; BUCKLER, R; GRAHAM, B; LEE, S. Black Panther. Penguin Classics Marvel Collection: London, 2016.

MCNEESE, Tim. The Civil Rights Movement; Striving for Justice. Infobase Publishing, 2008.

SAID, E. Orientalism. New York: Vintage Books, 2010.

SCOTT, Astrada. Home and Dwelling: Re-Examining Race and Identity Through Octavia Butler’s Kindred and Paul Beatty’s The Sellout In: Journal of French and Francophone Philosophy Revue de la philosophie française et de langue française. Vol. XXV, N. 1, 2017. DOI: https://doi.org/10.5195/jffp.2017.816

SHAIKH, Hadi. Structuralism and Post-Structuralism. Philadelphia. University of Pennsylvania Press, 2022.

SIMMEL, G. Conflict and the Web of Group Affiliations. Trad. Kurt H. Wolff and Reinhard Bendix. New York: Simon and Schuster, 2010.

SUMMERS, Mark Wahlgren. The Ordeal of the Reunion: A New History of Reconstruction. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2015.

TEGMARK, M. Our Mathematical Universe: My Quest for the Ultimate Nature of Reality. Random House, New York, London, 2014.

THOMAS, C. D. Inheritors of the Earth. How Nature Is Thriving in an Age of Extinction. London: Allen Lane, 2017.

TUCKER, Aviezer. Historiographic Revision and Revisionism. Budapest: Central European University Press, 2008. DOI: https://doi.org/10.1515/9786155211423-002

TYRRELL, Ian R. Historians in Public: The Practice of American History, 1890-1970. Chicago: U of Chicago P, 2005.

YOUNG, Iris M., in Global Challenges: War, Self-Determination and Responsibility for Global Justice. Responsibility, Social Connection and Global Labour Justice, Cambridge, Polity :160-186, 2007.

WIGGS, Kimber L. "The Trouble: Family, Genre, and Hybridity in Octavia Butler's Kindred." In: Mosaic: an interdisciplinary critical journal. Vol. 54 no. 1, p. 129-145, 2021. DOI: https://doi.org/10.1353/mos.2021.0008

WINDISCH, S., SIMI, P., BLEE, K., and DEMICHELE, M. Understanding the Micro- Situational Dynamics of White Supremacist Violence in the United States. Routledge: New York, 2018.

Publicado

2024-08-30

Como Citar

ARAUJO PLACIDO, Carlos Eduardo de; DOS SANTOS GOMES, Nataniel. O Afrofuturismo na Adaptação Sequencial de Kindred (2017). Signum: Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 27, n. 2, p. 14–26, 2024. DOI: 10.5433/2237-4876.2024v27n2p14-26. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/50096. Acesso em: 30 dez. 2024.