Complicações clínicas de longo prazo relacionadas ao uso de pino ou parafuso/polimetilmetacrilato na estabilização espinhal de cães e gatos: série de casos

Autores

  • Gabriel Antonio Covino Diamante Universidade de São Paulo
  • Paulo Vinicius Tertuliano Marinho Instituto Federal do Sul de Minas
  • Isis dos Santos Dal-Bó Universidade de São Paulo
  • Thales Bregadioli Universidade de São Paulo
  • Fernanda Paes Universidade de São Paulo
  • Renato Otaviano Do Rego Universidade de São Paulo
  • Bianca Fiuza Monteiro Universidade de São Paulo
  • Viviane Sanchez Galeazzi Universidade de São Paulo
  • Aline Schafrum Macedo Universidade de São Paulo
  • Cássio Ricardo Auada Ferrigno Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n5supl1p2453

Palavras-chave:

Cimento ósseo, Complicações pós-operatórias, Efeitos adversos, Coluna vertebral.

Resumo

O trauma vertebromedular é uma afecção comum na rotina clínica de pequenos animais e resulta, muitas vezes, em fraturas e luxações vertebrais (FLV) associadas à laceração, concussão, compressão ou isquemia da medula espinhal. Essas lesões apresentam sinais clínicos que variam de dor moderada a grave, acompanhada por perda parcial ou total das funções motoras, sensoriais e viscerais, podendo resultar no óbito ou na indicação de eutanásia. O objetivo deste trabalho é descrever cinco casos de complicações inerentes o uso de cimento ósseo para estabilização vertebral em quatro cães e um gato. Os pacientes possuíam idades variando entre cinco meses a quatro anos, peso entre 1,4 e 12,2kg e foram atendidos no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, com histórico de reações cutâneas ao polimetilmetacrilato (PMMA), como tratos drenantes ou exposição do cimento decorrente de infecção ou soltura precoce do implante, em períodos que variaram de nove à 18 meses após serem submetidos a osteossíntese da coluna vertebral. Foi realizada a remoção cirúrgica desses implantes em quatro pacientes e mantida a estabilização prévia em um caso. Houve resolução total do quadro de infecção nos pacientes em que se removeu o PMMA associada ao tratamento clínico, e remissão parcial no paciente em que o implante não pode ser removido. A utilização do cimento ósseo associado a parafusos ou pinos é uma técnica versátil e aplicável em todas as regiões da coluna vertebral, no entanto complicações tardias são possíveis, sendo necessário muitas vezes procedimentos cirúrgicos adicionais para a resolução do problema. Apesar da pequena quantidade de casos relatados, foi possível observar que complicações relacionadas ao uso do cimento ósseo na coluna vertebral podem ocorrer no médio ao longo prazo e devem ser consideradas no processo de escolha dos implantes para osteossíntese vertebral em pequenos animais.

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Biografia do Autor

Gabriel Antonio Covino Diamante, Universidade de São Paulo

Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, Brasil.

Paulo Vinicius Tertuliano Marinho, Instituto Federal do Sul de Minas

Prof. Dr., Curso de Medicina Veterinária, Instituto Federal do Sul de Minas, IFSULDEMINAS, Muzambinho, MG, Brasil.

Isis dos Santos Dal-Bó, Universidade de São Paulo

Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, Brasil.

Thales Bregadioli, Universidade de São Paulo

Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, Brasil.

Fernanda Paes, Universidade de São Paulo

Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, Brasil.

Renato Otaviano Do Rego, Universidade de São Paulo

Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, Brasil.

Bianca Fiuza Monteiro, Universidade de São Paulo

Discente, Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, USP, São Paulo, SP, Brasil

Viviane Sanchez Galeazzi, Universidade de São Paulo

Médica Veterinária do Serviço de Ortopedia, USP, São Paulo, SP, Brasil

Aline Schafrum Macedo, Universidade de São Paulo

Discente do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, SP, Brasil.

Cássio Ricardo Auada Ferrigno, Universidade de São Paulo

Prof. Dr., Curso de Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária, USP, São Paulo, SP, Brasil.

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Publicado

2020-08-07

Como Citar

Diamante, G. A. C., Marinho, P. V. T., Dal-Bó, I. dos S., Bregadioli, T., Paes, F., Rego, R. O. D., Monteiro, B. F., Galeazzi, V. S., Macedo, A. S., & Ferrigno, C. R. A. (2020). Complicações clínicas de longo prazo relacionadas ao uso de pino ou parafuso/polimetilmetacrilato na estabilização espinhal de cães e gatos: série de casos. Semina: Ciências Agrárias, 41(5supl1), 2453–2462. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n5supl1p2453

Edição

Seção

Relatos de Casos

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