Condutividade elétrica como indicador de danos por temperaturas baixas em folhas de feijão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0359.2019v40n3p1011

Palavras-chave:

Estresse oxidativo, Frio, Enzimas, Integridade de membranas.

Resumo

O teste de condutividade elétrica avalia de forma indireta a desorganização da membrana celular, pela quantificação dos eletrólitos liberados na água após a embebição dos tecidos. Assim, o objetivo do trabalho foi avaliar as variações de metodologias no teste de condutividade elétrica como indicador de danos por temperaturas baixas para estimar a tolerância ao frio de plantas de feijão preto. Dessa forma, as plantas da cultivar IPR Uirapuru foram submetidas às temperaturas mínimas de 4ºC, 2ºC, 0ºC, -1ºC, -2ºC, -3ºC e -4ºC, por uma hora, em câmara de crescimento sob condições controladas. Após esse período, a resposta das plantas ao estresse por frio foi avaliada pela determinação do teor de proteínas totais, atividade enzimática da catalase (CAT) e da ascorbato peroxidase (APX), além da avaliação da eficiência do fotossistema II (Fv/Fm) e da anatomia foliar. Esses resultados foram comparados com os obtidos no teste de condutividade elétrica o qual foi realizado nas plantas após o estresse frio e em plantas não estressadas (ambiente) com 2, 4, 6 e 8 discos foliares imersos em 30 ml de água destilada, mantidos por 24 horas em B.O.D nas temperaturas de 25 ºC, 30 ºC e 35 ºC. A análise de variância foi realizada em delineamento inteiramente casualizado, e para condutividade elétrica utilizou-se fatorial número de discos x temperatura de estresse ao frio para cada temperatura de embebição separadamente. As médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5 e 10% de probabilidade. Realizou-se a correlação de Pearson (r) entre as médias de condutividade e os demais testes de avaliação do estresse por frio. Nos resultados observou-se acentuada redução da relação (Fv/Fm) apenas nos tratamentos -3°C e -4°C indicando morte dos tecidos. Para temperaturas inferiores a 0°C houve colapso dos tecidos do limbo foliar, não sendo possível diferenciar o parênquima paliçádico do parênquima esponjoso nos tratamentos -2, -3 e -4 °C. Nas análises bioquímicas houve aumento da proteína a partir da temperatura -3oC, a enzima CAT teve sua atividade diminuída a - 4oC, e a APX apresentou aumento da atividade enzimática a partir de 0oC. No teste de condutividade elétrica houve interação entre temperatura de embebição e o número de discos, e verificou-se aumento da condutividade da solução com a diminuição da temperatura em diversos tratamentos, e dentre eles a combinação que melhor correlacionou com os demais testes foi 25°C com 6 discos foliares. O teste de condutividade elétrica apresenta resultados semelhantes aos obtidos com os demais testes fisiológicos, bioquímicos e anatômicos, podendo ser utilizado para avaliação de danos causados por temperaturas baixas em plantas de feijão.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Juliandra Rodrigues Rosisca, Universidade Estadual de Londrina

Discente, Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina, PR, Brasil.

Carolina Maria Gaspar de Oliveira, Instituto Agronômico do Paraná

Pesquisadora, Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR, Londrina, PR, Brasil.

Altamara Viviane de Souza Sartori, Universidade Estadual de Londrina

Discente, Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina, PR, Brasil.

Renata Stolf-Moreira, Universidade Estadual de Londrina

Profa, UEL, Londrina, PR, Brasil.

Marcelo Augusto de Aguiar e Silva, Universidade Estadual de Londrina

Prof., UEL, Londrina, PR, Brasil.

Heverly Morais, Instituto Agronômico do Paraná

Pesquisador, Instituto Agronômico do Paraná, IAPAR, Londrina, PR, Brasil.

Referências

ALMESELMANI, M.; DESHMUKH, P. S.; SAIRAM, R. K.; KUSHWAHA, S. R.; SINGH, T. P. Protective role of antioxidant enzymes under high temperature stress. Plant Science, Davis, v. 171, n. 3, p. 382-388, 2006. DOI: 10.1016/j.plantsci.2006.04.009

BANDURSKI, R. S.; GREINER, C. M. The enzymatic synthesis of oxalacetate from phosphoryl-enopyruvate and carbon dioxide. The Journal of Biological Chemistry, Massachusetts, v. 204, n. 1, p. 781-786, 1953.

BARRANCO, D.; RUIZ, N.; GÓMEZ-DEL CAMPO, M. Frost tolerance of eight Olive cultivars. HortScience, Baton Rouge, v. 40, n. 3, p. 558-560, 2005.

BERTAMINI, M.; ZULINI, L.; MUTHUCHELIAN, K.; NEDUNCHEZHIAN, N. Low night temperature effects on photosynthetic performance on two gravepine genotypes. Biologia Plantarum, Prague, v. 51, n. 2, p. 381-385, 2007.

BJÖRKMAN, O.; DEMMIG, B. Photon yield of O2 evolution and chlorophyll fluorescence characteristics at 77 K among vascular plants of diverse origins. Planta, Berlim, v. 170, n. 4, p. 489-504, 1987.

BOLHÀR-NORDENKAMPF, H. R.; ÖQUIST, G. Chlorophyll fluorescence as a tool in photosynthesis research. In: HALL, D. O.; SCURLOCK, J. M. O.; BOLHÀR-NORDENKAMPF, H. R.; LEEGOOD, R. C.; LONG, S. P. (Ed.). Photosynthesis and production in a changing environment: a field and laboratory manual. London: Chapman & Hall, 1993. p. 193-206.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, Bethesda, v. 72, n. 1, p. 248-254, 1976. DOI: 10.1016/0003-2697(76)90527-3

ENNAHLI, S.; EARL, H. J. Physiological limitations to photosynthetic carbon assimilation in cotton under water stress. Crop Science, Washington, v. 45, n. 6, p. 2374-2382, 2005.

FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2. ed. Viçosa, MG: UFV, 2008. 421 p.

FLOWERS, M. D.; FISCUS, E. L.; BURKEY, K. O.; BOOKER, F. L.; DUBOIS, J. J. B. Photosynthesis, chlorophyll fluorescence, and yield of snap bean (Phaseolus vulgaris L.) genotypes differing in sensitivity to ozone. Environmental and Experimental Botany, Barcelona, v. 61, n. 2, p. 190-198, 2008.

GUYE, M. G.; VIGH, L.; WILSON, J. M. Recovery after chilling: an assessment of chill-tolerance in Phaseolus spp. Journal of Experimental Botany, Colchester, v. 38, n. 4, p. 691-701, 1987. DOI:10.1093/jxb/38.4.691

HUANG, M.; GUO, Z. Responses of antioxidative system to chilling stress in two rice cultivars differing in sensitivity. Biologia Plantarum, Prague, v. 49, n. 1, p. 81-84, 2005.

JOHANSEN, D. A. Plant microtechnique. New York: Mc Graw- Hill Book Company, 1940. 523 p.

KOTAK, S.; LARKINDALE, J.; LEE, U.; VON KOSKULL-DÖRING, P.; VIERLING, E.; SCHARF, K. D. Complexity of the heat stress response in plants. Current Opinion in Plant Biology, London, v. 10, n. 3, p. 310-316, 2007. DOI: 10.1016/j.pbi.2007.04.011

KRAUSE, G. H.; WEIS, E. Chlorophyll fluorescence and photosynthesis: the basics. Annual Review of Plant Biology, Berkeley, v. 42, n. 1, p. 313-349, 1991.

LUO, Q. Temperature thresholds and crop production: a review. Climatic Change, Princenton, v. 109, n. 3-4, p. 583-598, 2011. DOI 10.1007/s10584-011-0028-6

MANETTI FILHO, J.; OLIVEIRA, C. M. G.; CARAMORI, P. H.; NAGASHIMA, G. T.; HERNANDEZ, F. B. T. Cold tolerance of forage plant species. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 39, n. 4, p. 1469-1476, 2018. DOI: 10.5433/1679-0359.2018v39n4p1469

MASSACCI, A.; NABIEV, S. M.; PIETROSANTI, L.; NEMATOV, S. K.; CHERNIKOVA, T. N.; THOR, K.; LEIPNER, J. Response of the photosynthetic apparatus of cotton (Gossypium hirsutum) to the onset of drought stress under field conditions studied by gas-exchange analysis and chlorophyll fluorescence imaging. Plant Physiology and Biochemistry, Bari, v. 46, n. 2, p. 189-195, 2008. DOI:10.1016/j.plaphy.2007.10.006

McCONNELL, D. B.; SHEEHAN, T. J. Anatomical aspects of chilling injury to leaves of Phalaenopsis. HortScience, Baton Rouge, v. 13, n. 1, p. 705-706, 1978.

MITTLER, R. Oxidative stress, antioxidants and stress tolerance. Trends in Plant Science, Massachusetts, v. 7, n. 9, p. 405-410, 2002. DOI: 10.1016/S1360-1385(02)02312-9

MOSHTAGHI, E. A.; SHAHSAVAR, A. R.; TASLIMPOUR, M. R. Ionic leakage as indicators of cold hardiness in olive (Olea europaea L.). World Applied Sciences Journal, Babol, v. 7, n. 10, p. 1308-1310, 2009.

NAUMANN, J. C.; YOUNG, D. R.; ANDERSON, J. E. Leaf chlorophyll fluorescence, reflectance, and physiological response to fresh water and salt water flooding in the evergreen shrub, Myrica Cerifera. Environment Experimental Botany, Barcelona, v. 63, n. 1-3, p. 402-409, 2008. DOI:10.1016/j.envexpbot.2007.12.008

NIR, G.; SHULMAN, Y.; FANBERSTEIN, L.; LAVEE, S. Changes in the activity of catalase (EC. 1.11.1.6) in relation to the dormancy of grapevine (Vitis vinifera L.). Plant Physiology, Glasgow, v. 81, n. 4, p. 1140-1142, 1986. DOI: 10.1104/pp.81.4.1140

O’BRIEN, T. P.; FEDER, N.; MCCULLY, M. E. Polychromatic staining of plant cell walls by toluidine blue O. Protoplasma, Verlag, v. 59, n. 2, p. 368-373, 1964.

PEISKER, M.; TICHÁ, I. Effects of chilling on CO2 Gas Exchange in two cultivars of Phaseolus vulgaris L. Journal of Plant Physiology, New York, v. 138, n. 1, p. 12-16, 1991. DOI: 10.1016/S0176-1617(11)80722-4

PEIXOTO, P. H. P.; CAMBRAIA, J.; SANT'ANNA, R.; MOSQUIM, P. R.; MOREIRA, M. A. Aluminum effects on lipid peroxidation and on the activities of enzymes of oxidative metabolism in sorghum. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Campinas, v. 11, n. 3, p. 137-143, 1999.

PEÑA-VALDIVIA, C. B.; LAGUNES E, L. del C.; PERALES R, H. R. Chilling effects on leaf photosynthesis and seed yields of Phaseolus vulgaris. Canadian Journal of Botany, Soskatchewan, v. 72, n. 1, p. 1403-1411, 1994. DOI: 10.1139/b94-173

PERCIVAL, G. C.; FRASER, G. A.; OXENHAM, G. Foliar salt tolerance of Acer genotypes using chlorophyll fluorescence. Journal of Arboriculture, Urbana, v. 29, n. 2, p. 61-65, 2003.

RAPACZ, M.; GA?SIOR, D.; KOS´CIELNIAK, J.; KOSMALA, A.; ZWIERZYKOWSKI, Z.; HUMPHREYS, M. W. The role of the photosynthetic apparatus in cold acclimation of Lolium multiflorum: characteristics of novel genotypes low-sensitive to PSII over-reduction. Acta Physiologiae Plantarum, Pozna?, v. 29, n. 4, p. 309-316, 2007.

SANGHERA, G. S.; WANI, S. H.; HUSSAIN, W.; SINGH, N. B. Engineering cold stress tolerance in crop plants. Current Genomics, Bentham, v. 12, n. 1, p. 30-43, 2011. DOI: 10.2174/138920211794520178

SIEGEL, V.; JONGENS, T. A.; JAN, L. Y.; JAN, Y. N. Pipsqueak, an early acting member of the posterior group of genes, affects vasa level and germ cell-somatic cell interaction in the developing egg chamber. Development, London, v. 119, n. 4, p. 1187-1202, 1993.

SILVA, A. L. L. da; OLIVEIRA, Y. de; ALCANTARA, G. B. de; SANTOS, M. dos; QUOIRIN, M. Tolerância ao resfriamento e congelamento de folhas de eucalipto. Biociências, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 86-90, 2009.

STIRBET, A.; GOVINDJEE. On the relation between the Kautsky effect (chlorophyll a fluorescence induction) and Photosystem II: basics and applications of the OJIP fluorescence transient. Journal of Photochemistry and Photobiology, Debrecen, v. 104, n. 2, p. 236-257, 2011. DOI:10.1016/j.jphotobiol.2010.12.010

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 858 p.

TSENG, M. J.; LI, P. H. Changes in protein synthesis and translatable messenger RNA populations associated with ABA induced cold hardiness in potato (Solanum commersonii). Physiologia Plantarum, Umeå, v. 81, n. 3, p. 349-358, 1991. DOI: 10.1111/j.1399-3054.1991.tb08743.x

YUSUF, M. A.; KUMAR, D.; RAJWANSHI, R.; STRASSER, R. J.; TSIMILLI-MICHAEL, M.; GOVINDJEE; SARIN, N. B. Overexpression of y-tocopherol methyl transferase gene in transgenic Brassica juncea plants alleviates abiotic stress: physiological and chlorophyll a fluorescence measurements. Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Bioenergetics, Amsterdam, v. 1797, n. 8, p. 1428-1438, 2010. DOI: 10.1016/j.bbabio.2010.02.002

ZABOT, L.; DUTRA, L. M. C.; JAUER, A.; LUCCA FILHO, O. A.; UHRY, D.; STEFANELO, C.; LOSEKAN, M. E.; FARIAS, J. R.; LUDWIG, M. P. Análise de crescimento da cultivar de feijão BR IPAGRO 44 Guapo Brilhante cultivada na safrinha, em quatro densidades de semeadura em Santa Maria - RS. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v. 3, n. 2, p. 105-115, 2004.

Downloads

Publicado

2019-05-21

Como Citar

Rosisca, J. R., Oliveira, C. M. G. de, Sartori, A. V. de S., Stolf-Moreira, R., Silva, M. A. de A. e, & Morais, H. (2019). Condutividade elétrica como indicador de danos por temperaturas baixas em folhas de feijão. Semina: Ciências Agrárias, 40(3), 1011–1022. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2019v40n3p1011

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>