A irresponsabilidade legal da administração pública: o caso da fraude envolvendo vício de vontade na composição do quadro societário perante as juntas comerciais
DOI:
https://doi.org/10.5433/2178-8189.2019v23n3p106Palavras-chave:
Responsabilidade, Registro Mercantil, Junta Comercial, Vício de vontade, DesburocratizaçãoResumo
Como regra, a Administração Pública responde objetivamente por danos que dá causa por ato ilícito, posto que a prestação do serviço público pressupõe dever de cuidado para que não haja externalidades indesejáveis. Entretanto, há situações em que a responsabilidade da Administração Pública pode ser mitigada. Um desses casos abrange a responsabilidade das Juntas Comerciais perante fraudes que envolvem o ingresso com vício de vontade em quadros societários. Este artigo busca expor que tais fraudes decorrem de terceiros, cujas atividades fraudadoras originam-se tanto da facilidade de acesso a informações pessoais dos prejudicados, como da intencional dispensa legal de maiores exigências de segurança para a confirmação de dados imposta às Juntas Comerciais. Dessa forma, pretende-se demonstrar como a busca pela simplificação dos procedimentos de arquivamento de documentos empresariais permite o cometimento de fraudes no registro mercantil, às quais as Juntas Comerciais, por expresso comando legal, são impedidas de combaterem com mecanismos mais eficazes, porém, eventualmente mais burocráticos e que prejudicariam os empresários de boa-fé beneficiados pela simplificação. Assim, por meio de pesquisa bibliográfica e por método hipotético dedutivo, procura-se constatar que as Juntas Comerciais não respondem – ou responderiam apenas subjetivamente – pelo ingresso de indivíduo com vício de vontade em uma composição empresarial.
Downloads
Referências
ARAGÃO, Alexandre Santos de. Os fundamentos da responsabilidade civil do Estado.
Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 236, p. 263-274, abr. 2004.
BAGINSKA, Ewa. State Liability in a Comparative Perspective. Boletim da Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, v. 81, p. 851-864, 2005.
BOLAÑOS, Jiménez. Caso fortuito y fuerza mayor. Diferencia conceptual. Universidad de
Costa Rica, Revista de Ciencias Jurídicas, v. 123, p. 69-98, set-dez. 2010.
CARRÁ, Bruno Leonardo Câmara. Aspectos das Modalidades Subjetiva e Objetiva no
Sistema Atual de Responsabilidade Civil Brasileiro. Revista Jurídica da UNI7, v.1, 2004, p.
-80.
CERNY, Philip G. (1995). Globalization and the changing logic of collective action.
International Organization, 49, pp 595625
DARI-MATTIACCI, Giuseppe. Negative Liability. Journal of Legal Studies, vol. 38, n. 1, jan.
: p. 21-60.
DUEZ, Paul. Developpement Jurisprudentiel de la Responsabilite de la Puissance Publique.
Revue Critique de Legislation et de Jurisprudence 45: p. 588-620, 1925.
FARIA, Edimur Ferreira de; MARIANO, Raphael David Duarte. A responsabilidade civil
do Estado por danos decorrentes de atos judiciais. Rev. de Pol. Judic., Gest. e Adm. da Jus.
Minas Gerais, v.1, n.2, p. 106-133, Jul/Dez. 2015.
GRÜNEWALD, Bernward. Veracidade, direito e mentira. Trad. Geraldo Miniuci. Revista
Studia Kantiana, v. 6, n. 6/7, p. 180-192, 2008.
MAGUIRE, John M. State Liability for Tort. Harvard Law Review vol. 30, n.1, p. 20-38, 1916-
MARKBY, William. Elements of Law Considered with Reference to Principles of General
Jurisprudence. Oxford, Clarendon Press. 1889.
MARRARA, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista
Digital de Direito Administrativo, v. 1, n. 1, p. 23-51, 20 jan. 2014
MEREILES, Hely Lopes. Autarquias e entidades parestatais. Revista de Direito
Administrativo, Rio de Janeiro, v. 68, p. 17-49, mai. 1962. ISSN 2238-5177. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/22985/21745>. Acesso em: 29 Dez.
MOURA, Bruno. A responsabilidade civil contratual do Estado e demais entidades públicas
no exercício da função administrativa: uma breve análise do regime português. Revista
Scientia Iuris, Londrina, v.18, n.2, p.125-144, dez.2014 Disponível em: <http://www.uel.br/
revistas/uel/index.php/iuris/article/view/17046/15390>. Acesso em 05 fev. 2019.
MUKAI, Toshio. Responsabilidade civil objetiva por dano ambiental com base no risco
criado. Revista de Direito Administrativo 229 (2002): 253-258. Disponível em:
bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/download/46443/45188>. Acesso em: 22 jan.
OLIVEIRA, Gustavo Justino de. Responsabilidade Civil do Estado: Reflexões a partir do
direito fundamental à boa Administração Pública. Cadernos da Escola de Direito e Relações
Internacionais da UniBrasil. Jan-Jul 2018.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Vol. III. Rio de janeiro: Forense,
PUEBLA, Iracema Gálvez. El daño como elemento fundamental para la exigencia de
la responsabilidad civil derivada del delito. Revista de la Facultad de Derecho. Nº 36,
Montevideo, Jan/Jun 2014, pp. 43-65. Disponível em: <http://revista.fder.edu.uy/index.php/rfd/
article/view/244>. Acesso em: 20 jan. 2019.
SALMOND, John William. Jurisprudence. London, Sweet & Maxwell. 1924.
SANTIAGO, Mariana Ribeiro. A repercussão da causa na teoria do negócio jurídico: um
paralelo com a função social dos contratos. Revista da Faculdade de Direito UFPR, Curitiba,
PR, Brasil, v. 58, dez. 2013.
SILVA, Cristiana Maria Fortini Pinto E; DADALTO, Lucas Dutra. Responsabilização na lei
anticorrupção: natureza e amplitude subjetiva. Revista Opinião Jurídica, Fortaleza, v. 17, n.
, p. 81-106, mai./ago. 2019. Disponível em: <http://periodicos.unichristus.edu.br/index.php/
opiniaojuridica/article/view/2233/793>. Acesso em: 29 dez. 2018.
SIQUEIRA, Bruno Luiz Weiler. O nexo de casualidade na responsabilidade patrimonial do
Estado. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 219, p. 91-106, jan. 2000. ISSN 2238-5177.
STREECK, Wolfgang. The crises of democratic capitalism. New left review 71, pp. 5-29,
VELOSO, Zeno. Fato jurídico, ato jurídico, negócio jurídico. Revista de Informação
Legislativa do Senado. Brasília, a. 32, n 125, jan/mar 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Scientia Iuris
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, permitido o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho em linha (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação. As provas finais não serão encaminhadas aos autores. Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista, ficando sua reimpressão total ou parcial sujeita a autorização expressa da revista. Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação, no caso a Scientia Iuris. As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.