Constituição da disciplina de História no Rio Grande do Norte (1835-1911)
DOI:
https://doi.org/10.5433/2238-3018.2020v26n2p91Palavras-chave:
História das Disciplinas, Rio Grande do Norte, Ensino de História.Resumo
O processo de constituição da disciplina de história, bem como o seu ensino, são resultantes das transformações sociais e culturais que culminaram na atual estrutura curricular. Com o intuito de compreender este percurso, propõem-se aqui entender como foi consolidada a disciplina de história no Rio Grande do Norte, tendo em vista as finalidades de sua aplicação no contexto educacional do Estado entre os anos de 1835-1911. Deste modo, esta pesquisa pertence ao campo da História da Educação e tem como fundamento a Nova História Cultural, mais especificamente a História das Disciplinas. Para entender a consolidação da disciplina de história no Rio Grande do Norte, bem como as suas finalidades, este estudo utilizou, enquanto fonte documental: a legislação educacional, as mensagens de governo e as orientações pedagógicas de Nestor Lima, publicadas no jornal A República em 1911. De maneira que o recorte espacial refere-se à Província e, posteriormente, ao Estado do Rio Grande do Norte. Já o recorte temporal tem início no ano de 1835, após o Ato Adicional, quando as províncias passam a legislar sobre a educação e finda em 1911, quando Nestor Lima publica o artigo “PEDAGOGIA – A HISTÓRIA, SUA IMPORTÂNCIA, METHODOS E PROCESSOS” no jornal a República, marcando a consolidação da disciplina no Estado. Por fim, com base nos documentos analisados, foi possível compreender o longo processo que resultou na consolidação da disciplina de história. Evidenciando-se que, tanto no Império quanto na República a principal finalidade atribuída à disciplina de história remete a criação da identidade nacional e a legitimação dos sistemas políticos.
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