Análise do ensaio “da crueldade”, de Michel de Montaigne, a partir dos estudos em língua falada e interação verbal
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2012v12n1p95Palavras-chave:
Língua Falada, Ensaio, MontaigneResumo
Objetiva-se neste artigo circunscrever influências formais do gênero ensaio, investigando as “cordas que se entrelaçam” em sua constituição – em princípio, na obra de Michel de Montaigne (1533-1592), por meio de uma discussão a respeito de procedimentos de estruturação tópico-discursivos característicos da Língua Falada. Preliminarmente, é necessário refletir acerca da disposição formal dos elementos textuais no gênero ensaístico, no qual não se percebe a priori uma estrutura pré-estabelecida: ocorre sobreposição alinear de temas, argumentos, raciocínios, ironia, reflexões filosóficas, confidências, comparações e sinuosidades quase indetectáveis, pré-barrocas. Isso aufere uma estrutura não dogmática ao gênero ensaio, e um caráter mais flexível - no que tange à disposição textual dos pensamentos de determinado autor. A hipótese a ser discutida aqui, acerca da influência da oralidade nos ensaios, é a seguinte: de que forma os procedimentos de estruturação da Língua Falada contribuem para o entendimento da singularidade do gênero ensaístico? Ora, se considerarmos que a abertura seria característica desse gênero discursivo, e que a Língua Falada, por sua vez, é mais “aberta” do que a Língua Escrita, em termos de procedimentos de estruturação discursivos, ficaria nítido que, se houver influência desses procedimentos da fala no gênero em questão, o ensaísta teria a possibilidade de optar por entre caminhos os mais diversificados em seu Processo de Construção Textual. De acordo com Marcuschi (1990) fala e escrita formariam um continuum, cujo “meio termo” seria as situações que adquirem características de ambos os processos, tais como: declamação, noticiário televisivo, comunicação acadêmica. Nesse sentido, procurou-se utilizar esses instrumentos teóricos para análise dos procedimentos discursivos adotados por Michel de Montaigne em seu ensaio Da crueldade.
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Referências
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