O processo de recategorização no gênero charge: um estudo à luz da perspectiva sociocognitiva
DOI:
https://doi.org/10.5433/1519-5392.2014v14n2p116Palavras-chave:
Chaarge, Multimodalidade, Recategorização.Resumo
Este trabalho se alia à postura sociocognitiva assumida por grande parte dos estudiosos filiados à área da Linguística de Texto e objetiva investigar a construção de sentido no gênero charge via processo de recategorização, cuja configuração pode conjugar a linguagem verbal e a não verbal. Focalizamos a construção dos referentes, assumindo o fundamento de que estes nem sempre são homologados por expressões referenciais explícitas na superfície textual. Para a efetivação deste estudo, realizamos pesquisa de natureza qualitativa e descritiva dos dados, a partir de um corpus constituído por charges, selecionadas de jornais de grande circulação de Teresina/PI e produzidas no período de 2010 a 2012. Os fundamentos teóricos deste estudo estão concentrados em autores como: Koch e Cunha-Lima (2007), Mondada e Dubois (2003), Lima (2009) e Kress e Van Leeuwen (1996), dentre outros. Os resultados sugerem que as diversas semioses que envolvem a configuração das charges, funcionam de modo semelhante às expressões referenciais e que as funções da recategorização dependem do propósito da charge, mas estão sempre licenciadas pelas metáforas ou metonímias, evidenciando críticas, situações ou exacerbar características do referente. A recategorização no corpus de investigação se apresentou sob três planos: i) diretamente da própria imagem, em ocorrências nas quais as figuras formam um todo complexo para provocar a recategorização; ii) acionada pela materialidade textual que compõe o texto multimodal ancorando-se, no entanto, na imagem; iii) de forma indireta, exigindo mais esforço do interlocutor para a sua reconstrução, ascendendo, respectivamente, o grau de implicitude das recategorizações.
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